domingo, 14 de agosto de 2011

Resgate


Sôfrego desejo. Vem eloqüente, com solfejos tarjados de ebulições a calmarias.
Fez-se um transferível templo seu. E pude assim te encontrar. Nas belezas, nos ares; nos meus naufrágios recolheu.
Resgatando em mim todas as suas multidões de ser só, e ser em mim. Desvendar o indivisível que sejas tu (nós). E deixar enfeitar-te com flores seus caminhos e os jardins. Porque eu não sei quantas vezes seu barco ou seu remo já perdeu na água rebuliça e se ficou emperrado na areia. Não sei quem te feriu mais; eu não sei homem da Ilha. Mas digo que aqui os sinos já tocam, os ouço ao longe. E os Candeladros foram banhados no canto da sala de jantar, a qualquer anúncio; a qualquer chegada. Coincidências dos Girassóis e desses horizontes sem tamanho, mas de encontros.
Posso dizer que meus naufrágios foram muitos, muitos. Já emperrei meu barco em um sertão, retalhado de sequidões. Arada de fome, cansei-me, doeu-me e recolhi para algum farol longe de mim mesma, a espera do seu resgate.
Mora em minh´alma também fragmentos seus, suas doçuras, os beijos e nossas redenções. Certezas de que tudo é entrega, vontade, plenitude. Começo de resplendor, para contemplar o pôr-de-sol que está em ti.

(Fernanda F. Fraga)



7 comentários:

Denise Portes disse...

Essas palavras enchem o coração de ternura.
Um beijo
Denise

Luana Barcelos Dantas disse...

Lindo, muito profundo....

Beijos, Luana Barcelos

Poeta da Colina disse...

Onde âncorar a alma, eis a questão.

Ana Raquel disse...

que blog mais fofo.

http://nairmorbeck.blogspot.com/

Erica Gaião disse...

Fernanda!

Que dessa vez o caminho seja terra firme, para que você possa, enfim, contemplar o seu esperado pôr do sol, sem estar lá, no meio das ondas tentando sobreviver e se encontrar. Porque quando é assim, a gente não contempla.

Lindo de fazer o coração sorrir e suspirar.

Beijos, querida!

Sabryna Gonçalves disse...

"Posso dizer que meus naufrágios foram muitos, muitos. Já emperrei meu barco em um sertão, retalhado de sequidões." sempre que emperrar o barco, tente tocá-lo sempre em frente. Não tenha medo de errar, tenha medo de não fazer o que teve vontade naquele momento, e depois se sentir infeliz.
Beijos querida
visite meu blog:http://sabryna-liberdade.blogspot.com/

Gabriela Andrade V disse...

Que palavras lindas, que lindo. Senti-me embarcando no texto profundamente!
Beijos (: