domingo, 23 de março de 2014

Tens de mim...

Tens de mim todas as estrofes. Luares onde aprendo silenciosamente a guardar-me em canção. Tens tanto de mim a transbordar nos Lagos, nos montes. Nas tardes em que a chuva te bebe, te saboreia, e colore tua pele. Enquanto minhas mãos, te afagam e te fazem sinfonia e minha amplidão. Invento gaivotas, para confessar cantante o tom da tua voz. E os desenhos das tuas asas, para que eu seja templo para o teu pouso.
Terra sossegada em que repercutem manhãs. Paisagens que se enfeitam e engravidam nas migrações do meu perfume. Pois tens vestido de ausências e soube rima navegar contigo. Onde meus gestos se sustentam a reger toda pintura e entornam o teu Sol. Tintilando cintiloso - a confessa vibração do teu nome. Que só sabem tocar a minha boca. Tens pássaros e lascas de giz de cera. Pondo-se em cores a se ascenderem onde não estás. Poente és tu quando voltas. Verso-te com a mesma sonoridade - quero de(morar) no teu beijo.

(Fernanda Fraga, 13 de março de 2014)

*Imagem com autoria não encontrada.

domingo, 16 de março de 2014

Dos encantos...

 Tenho um verdadeiro
e n c a n t a m e n t o
por pessoas

d e l i c i o s a m e n t e

bonitas

de

A l m a.

(Fernanda Fraga, 13/03/2014)

Imagem do Google, não encontrei o site da hospedagem da imagem.

sexta-feira, 14 de março de 2014

Para Ela...



Ele ergueu as mãos, do Seu verbo fizeram-se as esferas e Estrelas salpicadas no Céu, Tua semente parábolas nas montanhas. Do barro rimadas auroras sobre o papel. Asas aos Cânticos, Ciência e Palavra. Eis que, a primeira Poesia que nasce, é a de Deus. São as palavras confessionário em que o poeta colore os cinzas dos dias e dá voz aos teus próprios silêncios. A Poesia é a ponte, travessia para alcançarmos caminhos, mesmo que nem eu saiba onde. Apenas me faço instrumento para anunciar e aplainar meus próprios trajetos. As sílabas, vogais para redenções das minhas luzes e trevas. E aos outros me são os seus encontros, feitos de úteros, partos, línguas, beijos e infâncias.
Versos que assopro para irem, onde tiverem de ir. Ainda que os horizontes estejam em lugares outros. Ainda que as janelas sejam apenas aquela diminuta marquise de nossos interiores mundos. Ainda que distância regressou-se do cais. Ainda que de promessas nos rompeu os amores. Ainda que de amores se fez o Eterno. Ainda assim a imensidão de nós nos é afinada a essa potência, chamada Poesia e habitada de nascimentos.
(Fernanda Fraga, 11 de fevereiro de 2014)

*Em homenagem ao dia 14 de março, dia nacional da Poesia.
Imagem: Efi Kokkinaki 

segunda-feira, 3 de março de 2014

Vidral...

Olho-te entre as planícies, estes jardins a alimentarem os meus olhos. Florais que me são como vales, embebidos para percutir nos lábios dos rios  – dos teus amanheceres. Meteoros de um dia que não finda, que não perdura nas fendas, que não sacia minha boca. Suspensa, abocanho tua gravitação; a tombarem, a rangerem, a afagarem na sabedora pétala, onde o meu verbo em ti infinda um pouso – d e s á g u a.
Aninham-se alguns cílios de império botânico, lacrimejam-se nas pálpebras da intacta espera. Acaricio-os, enxugo-os para ver todas as Luas nascerem, rebentas no aqueduto de tuas lembranças que me são como tímidos trovadores de pintassilgos. E nos perdemos em que ternura, vestiu-se de hiatos. Assim soltei um manancial de visgos para reacenderem meu fôlego pelo Infinito.  E guardar esse relicário de bem-querer nas frestas de nós dois.
Emparelhados os vaga-lumes vagam nas facetas ósseas. Frouxidões de feixes escolióticos, entre teus dedos que jamais romperam a amplidão de nós. A um amanhã que trespassou meus ontens. E rasuraram eloquentes nas fáscias aderidas sob teus silêncios. Espaços de uma moldura a dissolver o que não coube para tuas promessas. Insones vaga-lumes voam nos vasos, nos vãos do lume. Em um vidral pendurado na memória a refletir o céu dos dois lados.

(Fernanda Fraga)

*Imagem site Google, sem especificação fidedigna da autoria.