sábado, 28 de abril de 2012

Coube o seu canto...


O pássaro de longe enamora-a
Acompanha alegre seu caminhar
Segrega nos galhos o sorver de uma prosa
E, em voos rasos, canta um verso infindo
Desejoso em seu rito, oferece àquela menina
E seu espetáculo lhe é trilhado
No crepitar das folhas Salmotizadas
Seu gênese então é entoado.
Ela acompanha risonha a cantoria.
Enquanto as Framboesas caem em suas mãos
Seu ofício já lhe é legitimado.
E coube o seu canto, afastar tempestades
Para ele poder ser sua companhia.

(Fernanda Fraga)

PS.: Imagens do Google.

sábado, 21 de abril de 2012

Sou-me em ti...

Teu sorriso tem a largura e o brilho do sol a nascer, escancaradamente ao pé da serra. E eu vivia amanhecendo; o dia era sua chamada despretensiosa, digamos assim. Lá, bem no início, de quando sentíamos uma vontade incontrolável de se ter um no outro, noutros ritmos, numa frequência que nós nos sabíamos. Mas, eis que tudo não mais se retrocede, não engata. Os olhos se olham, e as mãos as minhas; tentam tecer-te para perto, bem cá. Só que há agora um ponto de interrogação...
Eu não entendo seu sumiço, seu desinteresse, seu medo. Não entendo o que te basta, eu não entendo o porque; enquanto tudo era troca, novidade agora não passa de algo comum? Sem nuvens, sem o céu? E enquanto sua ausência cresce junto as horas a me fazer lembrar de suas pétalas inócuas, e do seu vão deixado pelas portas dos fundos. Me ponho a pensar, a labutar, numa presença (a sua), sem nunca mais se fazer chegar-perto. Do jeito que era.
Moça, há bastidores da vida que você mergulha, eu me encontro. Em que ser platéia vez em quando, é a lágrima e o riso que você escolhe assistir de longe. E acaba vendo o Amor da sua vida passar a sua frente. Ele vai embora nessas entrelinhas, sem nenhuma tentativa sua, mas eu não.
Moça, guardei a Poesia que se repartia em flor nos outros dias e me entendia que o Amor com letra maiúscula intuia a Vida, seu tamanho, sua verdade, para ser traduzido e vivido pacientemente; só com genuíno Amor. Entende? E assim, meio desleixado, inconstante, um típico romântico que se desmoronava e se deliciava em teus abraços e falava a mesma linguagem tua. E enxerguei Você, quieta, toda assim destemida; queria multiplicar nossos instantes, para colorir nossos rostos com as tintas daquele lápis-de-cor da infância. Cujas cores nos tornaram a própria Aquarela pra simplificar a vazão e o viço que tua Alma principiava, diante de um papel colorido chamado face. Onde os nuances foi você quem coloriu, sua boca foi o verbo mais bem pincelado que beijei nas palavras, aqui do lado, à sua espera. Fui-me tornando verbo definitivo, um céu estrelado onde as lembranças e o carinho se enamoram dia após dia. Admiro-te menina, sua Poesia tramita num roteiro sem regras, feito o esvoaçar de seus cabelos, na continuidade de um rio manso e de um Arkhipelago infinito. Florescia em nós todos as noites a beleza insondável das confissões de Amor, das canções, de um Querer que sempre achava ter: depois e depois e depois.
E concluia que a reciprocidade poderia se findar se você quisesse; porque eu desejava o sim em nosso Amor, esse mesmo cujo gosto ainda os carrego em minhas mãos, guardados com o frescor das amoras que se colhe ao pé. Ainda que nas suas mãos delicadas pode agora se encontrar entre o seio e um silêncio preso, desse seu medo e afastamento gradual.
A insinuar que a palavra (a sua) mora ainda em mim, mas você com ela; se abriga em outros cantos, em outros abraços-lábios-beijos-seus. E vez em quando já não amanheço e tento reconstruir sua ventura, e povoar alguma resposta, algum sinal seu. E sua Aquarela me chama, pois sou-me em ti.
 (Fernanda Fraga)

PS.: Imagens do Google sem site específico.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Por um triz...

Quase que eu deixei de sonhar. Foi por um quase-nada. Foi por um triz.
(Fernanda Fraga)


PS.: Imagens do Google, sem site específico.