domingo, 25 de novembro de 2012

À Poesia...



Antes mesmo que o Sol descortinasse da janela do meu quarto a palência negril dos seus cabelos beijou-me o pescoço e banhou-me nos lábios de sua noite. Um sabor de final da tarde já desenhara alguns traços, num pouso manso no esvaziar da cidade. Vagueio em sua tez não devoluta, bebo dessas cadências, deitada numa rede. Mas ela move-se inteira a colorir cada uma das minhas letras e a me fazer ver músicas nos meus dedos, deixando gosto bom na minha boca. E por recebê-la assim vestida de P o e s i a, dedilho-a debruçada em mim, à espera do vinho à mesa, do drink, do Blues descontraído. Dessas ternuras a compor rimas, a inaugurar prosas, teus gestos; tuas mãos marcando o Jazz. Um roteiro inteiro pra colorir o Céu cinzento com azul cor de Poesia. E por recebê-la inteira, me suscitou um verso, moveu-se infinita, plácida, cantante e o que prediz em mim – a  i n s p i r a ç ã o. Seria caber carinho, seria transbordar em palavras. Havia de ser entre lençóis, brumas, passeio bom pra redescobrir todos seus cantos e os meus, beiras, vãos, risos e poemas. (Fernanda Fraga)

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Não seja um expectador...

Nem sempre o escritor, a poetisa, ou amador de poesias ao escrever a punho suas doçuras e rancores aos quatro cantos, é vivente do que diz. Assim como alguns pastores pregam sobre a mística de se viver a castidade antes de. Enquanto que algum deles, não vivem... E eu não tenho nada com isso, cada um tem a consciência pesada ou leve em seu travesseiro. Mas e aí? Aonde eu quero chegar com isso? E aí, que do outro lado quem lê e vê-ouve, capta a outra ação oposta do proferido, do escrito a punho. E o intuito contradiz, se desentrega, perde a integridade. Deixo claro que, aos escritores romancistas, cronistas ou amadores que se inspiram em outras histórias, em fato relatados, eles não fazem parte desse contexto aqui. Pois não vivem o que escrevem ao pé da letra, eles emprestam seus corpos, suas inspirações pra viver outras vidas, outras estórias e histórias. Mas eu digo em relação a nós, sabe? a nós mesmos poetas amadores, ou escritores já conhecidos. Que somos amantes da escrita, seja ela com o seu Graal de redenção ou ruína. Que escrevemos pra nos libertar de algo, pra desabafar, pra colorir arranha-céus cinzentos (os nossos próprios até), pra desejar viver aquilo, pra saciar os sedentos da alma, estagnados nos desertos de si mesmo. Entendem? Anseio tanto que todo aquele que escreve, seja íntegro e forte o suficiente e saiba o peso e a leveza de beber de suas palavras e tentar vivê-las. Não é fácil, sim eu sei. Não é fácil falar, escrever sobre o Amor, alegrias, sobre inteireza se já fomos tantas vezes passados pra trás por algo que achamos ser e na verdade não era. E hoje vivemos em partes, tentando ser inteiros. Isso já é um bom começo. O assunto é complexo e que possamos descomplicar e sermos mais práticos...
E Bem-aventurado seja todo aquele cujo dureza da vida, cuja dor e alegrias de suas palavras não é expectador delas. Vive e extravasa! (Fernanda Fraga, 03 de Outubro de 2012) 

sábado, 10 de novembro de 2012

Resquício...


Faz tão pouco tempo que você partiu,
que eu ainda posso ouvir os teus passos pesados,
caminhando pela casa sem o menor receio de me acordar,
mas agora você já está longe.
Nessa progressão de vozes e palavras esculpidas num poema
Desejando sê-las no entre(laço) das mãos. 
E foi tão rápido e durou tanto tempo dentro de mim,
como agora quando você me lê, entre versos e prosas soltas;
Onde qualquer canto aproxima nossos nomes,
Um beiral de lírios musicando o sopro;
que eu ainda estou tentando entender onde tudo começou,
mas você já me deu um ponto final.
E vi retroceder pétala por pétala aquilo que poderia ser, e não foi.
Era tudo tão bonito,
que eu ainda me pergunto se era realmente Amor o que eu sentia.
Esse veraneio em que te apercebi dentro dos meus horizontes,
E por toda doçura que me enfeitei dentro de ti.
Uma rede de balanço em que nossos olhos minguavam, na margem que ficou,
A diluir esse rio de nós – ainda que seja um renome em Poesia bruta;
Um ontem, não havido, onde você retribuía o carinho,
o toque, o Amor sem querer - de fato estar.
Como onda desancorada que um dia desejou ser.
O mundo acabou e fiquei só,
Remoendo essa lembrança
que já não sei dizer se é saudade ou carência;
tentando inutilmente explicar você pra mim
E com remorsos de não saber me explicar pra você.

(Fernanda Fraga & Wendel Valadares* )


*Wendel Valadares poeta mineiro, lançou recentemente seu primeiro livro de poesias ‘Essência’.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Soneto de um Amor que foi...




Será que sentes falta de minhas cartas
Dos bilhetes e declarações de Amor?
Arrepende-se de ter esnobado o que passou?
Se os abraços dela lhe saciam em ceia farta?

Será? Sou a chuva para molhar a flor!
Ou se seus olhos sequer buscam os meus?
Se sua alma inquieta-se a ver-me, hein Romeu?
Se pensas em ter-me, vem sem desamor!

Será que fiz tudo, se amei mais do que pude?
Se o beijo na face aguça selar os lábios amiúde?
Se a chama do Amor será recíproca um dia?

Será? Talvez! Foram tantas indagações!
Tu já não me olhas, nem em nuances de poesia.
Venha, a pele perde viço, a dor desatina o coração.

(Fernanda Fraga – Montes Claros – MG)

sábado, 3 de novembro de 2012

Transcenda...


Às vezes tudo parece transcender em meios aos rabiscos e é quando não sei dizer muita coisa, mesmo quando o que queira dizer já é dito, explícito em todos os meus parágrafos e entrelinhas. Desanuviar contrastes de um jeito maiúsculo, preenchível, recitencial. É porque cansei de sobrar no final dos pontos - só, sabe? Essa coisa de despedidas, adeuses, romper vínculos. De me ter só para cicatrizar, de ficar pra depois, pra estirar suas fáscias nesse espaço seu inconstante, suas palavras, seus versos em mim. Talvez porque já paira no céu um areado de delicadezas prontas, todas na tentativa querendo ser, se já não está mais, ora foi, um – nós. Plural, singular. E ser poesia que não termina, infinda dentro dos cílios; brotando silêncios, vontades ainda na boca. De um soneto guardado, interminado, que não se coube dentro dele. Mas talvez noutro ponto, não nos falte nada, ou falte. Falta, sucumbi, deseja involuntariamente retorquir algum verbo ressentido, não usual. Aquela busca, vai-te por dentro nas demoras das horas, disrítmicas. Sabendo ser o que é, do sabor não provado, fugidio. E se beber serei eu, a flor entre os seios, te saboreio inteira, deitada na beira de uma saudade.
(Fernanda Fraga)

Imagens Google sem site específico.