quinta-feira, 9 de maio de 2013

Porto de nós...

Como não sentir-se Mar, despertencido e ao mesmo tempo
manto d´água, pronto pra desaguar?
Como não sangrar? Como não ver-se fragmentado
nesse mesmo calendário que condena,
que nos limita, e nos põe sempre inteiros um do outro?
Que dispensa a forma, a querência,
as extensões noturnas, lençóis e a própria travessia?
Aquele olhar se desviando, mas que ainda ver-se
nas íris dos reflexos alheios?
Como caminhar de mãos abertas, se com elas
querendo ou não, os lábios da Poesia sempre nos unem?
Meus dias ardem, mas não me amarguram,
Meu verbo se desfaz, enquanto anuncio, enquanto fomos.
Te apercebo abrigado em alguma história incompleta
Eu era apenas um abraço a querer morar contigo,
Sozinha – sou porto de nós.
Um verso assim sem nome, em dias azuis,
Entre aquele beijo silenciado,
Omitido em uma estrofe qualquer.
                                                  
(Fernanda Fraga, 09/05/2013)

*Imagem do Google, site específico da imagem não encontrado

sábado, 4 de maio de 2013

Das Amizades...


Amizade é o Amor mais puro. Dispensa qualquer adorno, vive nas soltura do respeito. Mora na gratidão dos olhares, na saudade que cerca, mas que não nos limita. Alça suas asas nas singelezas do seu lado mais terno. É talvez nesse ombro, onde Deus se revela através dele seu maior desvelo, enquanto o outro nos acolhe, Ele, também nos carrega forte pela outra mão, ambos - lado a lado. Bagunça nossos cabelos, feito criança a brincar no parque enquanto solta-se pipas naquele céu tão azul, a verter toda paz que se almeja. Amizade derramada pela doçura do alto é Prece, lembrança de ouvidos amorosos, coração tranquilo, tardes de peraltagens e sombra boa. Todos rentes, nas curvas a contemplar reflexos dos seus sorrisos nas poçinhas d´água. Mas quando se trata de inteirezas, honestidades e o outro calça sandálias contrárias à luz do seu caminhar. Nenhum amigo deve negligenciar, advogar e sabotar de braços dados com ele; essa desconfiguração humana, perigosa e adoecível. Que é fazer perpetuar lástimas, conversas distorcidas, só pra amassar o outro, dando glórias e razões ao que está fora do nosso livro-vida. E míngua tantas delicadezas. É por tudo isso que misturamos o enredo, vamos sempre na contramão e não permitimos que o outro resigne sua alma.
Do que mais nos foi dito, em frescor ou furor, deve-se ouvir-ver-refletir sempre os dois lados da moeda. Não é edificante o amigo 'passar a mão' na cabeça e concordar com a postura do outro. Ainda que o próprio amigo esteja errado, ainda que ele seja o réu de suas próprias ações. Ainda que pesado seja ouvir, que sua própria absolvição é endireitar-se, tornar-se Luz. Eu continuo crendo que é bem mais sereno, justo e fiel compactuar amizades assim.
Amigo serve pra abrir as cortinas de dentro e mostrar possibilidades, apontar raios de sol do outro, com caminhos de correção, de crescimento; de amorosidades, de perdão. A fazer converter qualquer resquício de ranço, preso e mofado. 
Meu Deus, faça-nos ser cada vez mais peças raras, e incrivelmente agregadoras de valores e capazes de imprimir apesar de todas as limitações humanas, nossos melhores movimentos. O melhor que podemos oferecer, sem máscaras, sem adornos. Diante das pessoas que só sabem minguar Preces, amores e amigos. Que só sabem transformar conversas em contendas  e confinar bonanças. Só para terem argumentos e arvorar suas conquistas. Acompanho silente esses adereços e toda coragem de quem se entrega e sai dos seus próprios calvários. Das verdades e circunstâncias do outro só ele é consciente, imperfeito ou não, somos todos aprendizes da Vida.
(Fernanda Fraga)

*Imagem do Google, site específico não encontrado.