Sob o Blog

- Me Falta Um Pedaço Teu - 23/07/2010

Estreando meu novo Blog, demorou, mas chegou. Eu possuía outro com o mesmo título já há uns 4 anos, porém em uma outra extensão. Estava há tempos em busca de algo novo, em que eu pudesse não só me expressar por meio das palavras, mas também pela moldura, pela ótica que o Blog possa vir a transmitir como relance de quem ousar “correr” os olhos por aqui e se encontrar em alguma palavra de uma forma ou de outra. Foi então que decidi mudar. Graças à amiga e escritora Priscila Rôde. Sempre muito delicada, sensível em seus textos dos quais me encontro em cada pétala de letra, inspiração, que ela deposita naquele mar.

Sempre gostei de ler e escrever, sou apaixonada por poemas, poesias, contos. Fascinada por obras literárias, por poesias e poemas de Cecília Meireles, Manoel de Barros, Cora Coralina, Álvares de Azevedo, Camões, Florbela Espanca, Clarice Lispector, Cruz e Souza, Pablo Neruda, Adélia Prado, Lya Luft e tantos outros. No entanto, tenho maior facilidade de expressar os sentimentos por meio da poesia, do poema, uma vez que, esta me acompanha desde os meus 12, 13 anos. Meu contato e interesse inicial com a poesia começou mesmo aos  6, 7 anos,  durante a alfabetização. Relembro com alegria, que minha primeira professora Raquel Maria Maia Santos usava para interação dos alunos poemas, trechos de poesias de Cecília Meireles e Manoel de Barros. E no entanto, eu tinha uma facilidade grande para desenhar na época e ainda tenho. Como eu  estava aprendendo a escrever, não sabia expressar as sensação na escrita, mas interpretava meus sentimentos desenhando, pelo menos minhas tias e minha professora diziam isso. Bom, mas continuando...Lembro desse fato como se fosse hoje, tia Raquel escrevendo no quadro, o pó de giz desfazendo ao chão, se desdobrava uma estrofe da poesia de Cecília Meireles: “Leilão de Jardim”, eu recordo daquele instante, onde fiquei extremamente impactada. Cada fila de alunos ia declamando um trecho, o som que me era soletrado por diversas vozes inocentes, infantis, cheias de ternura, me contagiava: ...” Quem me compra um jardim com flores? Borboletas de muitas cores, lavadeiras, e  passarinhos, ovos verdes e azuis nos ninhos? Quem me compra este caracol? Quem me compra uma raio de sol?” (...)

E de Manoel de Barros que mais me encantou foi quando eu já iniciando as primeiras letras, a pedido da professora como lição de casa, escrever o poema dele, lembro o de um trecho, onde foi o marco de tudo: "Os andarilhos, as crianças e os passarinhos têm o dom de ser poesia". Eu perguntava pra mim mesma, como ela e ela escreveram isso? Como é? "Foi aos setes anos com as minhas primeiras letras, escrevendo as palavras dele". (Fernanda Fraga). Tenho comigo que os desenhos que fazia quando criança já eram uma forma de poesia, porém expressados por outro tipo de arte. Sempre que leio essa poesia em especial, me vem exatamente aquela cena da minha infância, daquele dia em diante, fui me interessando cada vez mais pelas poesias deles. Mas tudo só se manifestou mesmo timidamente, aos 12, 13 anos. 

No ano de 2003 publiquei meu primeiro livro de poesias em parceria com um amigo Gilmar Pereira, considero um livro experimental. Foi publicado em uma editora universitária da região mineira. A Editora Unimontes. Fiz uma coletânea de poesias de quando eu tinha 13 anos até os 19, 20, quem leu, viu, percebeu o desenvolvimento da escrita dos 13 aos 20 anos. Hoje minha escrita mudou muito desde o primeiro livro e tenho muito que melhorar. Não me considero escritora, só sei que preciso escrever quando a alma já não tem mais pra onde transbordar. E para mim a inspiração e o escrever, é um constante aprendizado. O segundo livro será melhor ainda. O primeiro livro foi intitulado por mim de “Os Olhos do Coração”. É provável que esteja nesse novo Blog postando algumas poesias do primeiro livro.

Em contrapartida, desde o blog antigo tenho arriscado escrever algumas prosas poéticas que ainda precisam ser mais lapidadas. Afinal, tenho comigo que antes de transpor a palavra que escrevemos no papel para que o outro deguste dela, por que pra mim a palavra quando é entregue ao leitor ele precisa “degustá-la”,  precisamos antes de tudo gerá-la, parir letra por letra e crermos nela. Para que o outro sinta seu cheiro, seu sabor e bebe-a. Tornando-a firme e terna. Senão tem valia nenhuma.


Algumas palavras, alguns poemas, textos tem cheiro de maçã, de hortelã, de infância, de ternura, de saudade com caramelo. Um escritor, poeta Montesclaresce Wanderlino Arruda do qual prefaciou nosso livro, dissertou algo muito interessante mais ou menos assim: ...“O escritor, o poeta tem em seus versos, em suas inspirações um diuturno pensar. Uma inquietude, uma busca constante de algo (mesmo que inconsciente). E em se tratando de arte, de poesia, de música; ela têm em si liberdade por natureza.  Fui percebendo durante anos que existem dois momentos cruciais de quem os escreve: o ato de criar e o da leitura. Esse primeiro momento é do autor, onde ele gera em seu âmago a inspiração, a vontade de expor seus sentimentos. O segundo momento, do leitor, que é o de entender ou não entender, o de concordar ou deixar-se concordar, pois após a leitura, o texto já é seu, obrigando e tomando posse de fazer dele o que melhor lhe convier: registrar tais escritos ou deixá-los na memória, ou definitivamente depositá-lo em uma garrafa, vedar o gargalho, atirar no mar e esquecer.”

(Fernanda F. Fraga).

 “São os primeiros cantos de um pobre poeta. Desculpai-os. As primeiras vozes do sabiá não têm a doçura dos seus cânticos de amor” 

(Lira dos Vinte Anos – Álvares de Azevedo).