domingo, 23 de junho de 2013

Sua mão na minha...

 
Para a amiga e poetisa Priscila Rôde*

Distraia as mãos com o lápis de cor, enquanto os pensamentos repousavam entre uma prosa e outra, entre aquela apreensão que sobressaía e destoava conclusões de ser apenas alguém para se conversar. O coração saltitava em mil sustenidos, cada vez que, ouvimos a voz do outro lado. Longas ligações, capítulos inacabados. Aquele Amor visitando cuidadosamente à mercê do próximo olhar-sorriso. Um reino que suaviza o relógio, o compasso dos pés; e rendem-nos numa oração a cada primeiro, segundo e último minuto. Uma composição de horas feitas por afetos, a perfumar nossos olhos e beijar as mãos pra despertar que - somos o encontro. Um mover-se de lábios e vozes sombreadas sobre teus ombros e meu corpo ermo.
Seria o verso, o barco para anunciar quais destinos remaríamos? Ou por qual razão, forma, içadas as cortinas para reverenciar essas brisas; e toda saudade a tocar nossas peles? Quiçá aquela distância quando desapressada, desfera a ordem para nos multiplicar no peito!?
E então quando a verdade for nua das aflições, e o coração enamorado de esperas, que as decisões venham a ser o melhor passo, ainda que haja tantos avessos, outros desvios. Sombras impedindo Luz, tristezas incinerando aquilo que só nos dói. Abrigo você que colore o Céu de estrelas, dá asas ao que ainda nos sobra; pra preencher de nobrezas, pauta única e inadiável.
Vieram algumas trombetas, uma voz-leão moldando quatro cordas e um violino, singelas exatidões; toca-me, reescreves - eterniza. Alonga aquela vírgula e todas reticências possíveis para eu durar um pouco mais em ti.
E desse Ceú, caem pequenos chuviscos. Serve-se ele desta chuva e aquela leitura rebuscando o relógio. Olhos perenes, dias e tardes a se desfazerem. Entre aquarelas e pincéis expostos, as bailarinas refazem com gestos a palavra-poema, habitam na dança seu arcabouço solar. E eu inexata, bebo uma concha do vento, sacio a sede e você reproduz dentro daquele eco; uma ponte hasteada entre aquela nota dissonante e o sufrágio onde aplaino algumas rimas. Tateio essa floração, despida de mim e mim.
E sem temer qualquer desabor da Alma, torno-me vocabulário – jardim exposto; convite pro café das cinco. Porque antes que o grão da semente, a flor já se serve do seu perfume pra se revelar. Se despertencem dos seus itinerários para poder habitar no além dos próprios nomes. Ser a própria casa semeando algum verbo, o encontro um do outro. Aquele anseio delicado de estar a sua margem e em mim, folha por folha, olhos, pele e poros. Contramão e ao mesmo tempo o próprio infinito conhecedor das distâncias e de nós.
Eis o enamorar-se, o gênero e essa orquestra. Esse fruto, Cântico que amanhece e se visitam na mesma prosa, lírica derramada em firmamento. Aquele atalho capaz de avivar o que o peito trás de sensível ao que é pleno, ou a essa ternura em que te olho e tento bordar alguns sinais e contornos por querer segurar orando: sua mão na minha.
Mas é preciso elucidar o que tange, o que tinge a tela, ou em que ponto, em que parágrafo, em quais vírgulas, onde há algo a mais - a mais que estar do lado. Bem mais que além dele. Percebível. Que vivencia, proclama e reconhece.  (Fernanda Fraga)

*Priscila Rôde, poetisa, autora do blog Mar Íntimo, e do seu primeiro livro Para que Fiques, lançado em 2012, pela Editora Penalux

*Imagem do Google, site específico da imagem não encontrado.

domingo, 9 de junho de 2013

Desenhos e Ternuras...

E de todos esses suspiros,
hasteados – desmedidos.
Que se arrebate ao teu desenho,
na curva da tua boca;
alguma fresta a refazer cada detalhe nosso.
Uma arquitetura esboçada quando namoro teus próprios traços,
e visto na pele tua inspiração.
Bem assim, como um lembrar-de-alma;
Alonga-se o peito meu, repousa-me na ternura tua...

(Fernanda Fraga)


*Imagens do Google sem site específico.