sexta-feira, 26 de abril de 2013

A Poesia de Deus...


De todos os desejos, que esse instante em que o tempo sereneia meus dias; sobre a graça do Pai: reverencio. Logo ao nascer, soltei meu primeiro grito enquanto os passarinhos avisavam que meu nome tornaria a Poesia de Deus. Seu tecido mais precioso, os olhos coloridos; Seu longínquo Céu. Aquela terna meninice, a mulher míope, que enxerga e não vê, mas que vê bem além; enquanto faz adágios poéticos com os dedos no papel. Aqueles desenhos da infância emolduravam meus murais, com cheiro da palavra brotada, lugarejos aveludados; montanhas com arco-íris e aguamentos. Eram meros rabiscos quiçá virariam um dia estrofes.

Esse é o tempo de todos os desejos, das marés revoltas e habituais calmarias; da semente e da figueira. Meu esboço imperfeito, da matriz de toda perfeição. Que eu aprenda a recomeçar todos os dias, pra manter-me sensível ao outro e se cobrir de Gratidão. É essa a geometria dos calendários, a certeza pra desnomear palavras e seus instrumentos no divino sons das flautas. Por ser esse o alfaiate dos segundos, o retrós de todos os vieses. Um caminho cheio de (des)encontros.

E é dessas querências tantas, que estilhaças a pele, por ser ternura toda, em todos os dias. A pegar poeira no rosto, atravessar o rio e viver bravamente suas marés da vida também. A fazer milagres no gris de suas visões, ainda que suas retinas, íris, e toda sua córnea fora bordada para vir a ser o traço, o detalhe marcado de Deus.

A sorver o sacralizar da Poesia, já feito mistério d´Ele, para que sejas seu testemunho secular. É esse o carrossel das minhas estações, sabedor das horas e das curas. De céu e de Mar. Do meu passado e meu presente. Meu futuro e a entrega adormecida, dentro de alguma espera. 
Minhas cheganças anunciam meus hiatos, com o desejo pleno, e a alegria brindada com o coração de Deus.  (Fernanda Fraga)

*Imagem do Google, site específico da imagem não encontrado.

terça-feira, 23 de abril de 2013

Quando me ler...



Quando me ler, absorva. Me compreenda e mesmo que não venha a concordar, respeite. Que respire fundo diante das minhas reticências, sublimadas entre um suspiro e outro, afagadas para fazer-se viva em outros olhares. Que a integridade, que as minhas mazelas, minhas faltas, meu anseio para além do que é palpável, que seja no minimo uma edificação.
Quando me ler, apreenda-me nas pausas, esse meu solar desencontrado; meu Amor poetizado de letra maiúscula, como se palavra essa fosse e é legitimada em Ser. Uma personificação que não vira tese, se desfaz de mesquinharias, reproduz solitárias todos seus lirismos, verbos e pretéritos substanciais. Talvez um oráculo sem pretensão de virar vocabulário, mas de se renascer silentes, para adquirir asas próprias, entre um parágrafo em Prece.
Quando me ler, não ateie o parto, não mensure a dor, não me diminua. E sem apressar, revire todas as células, quando não estiver dentro delas, só para me fazer chegar ao mundo. Meu útero-alma, minha mobilidade displicente.
Quando me ler, não dissimule e nem condene - meu ofício. Meus pensamentos no arquivo escrito sem antíteses, são leves e árduos em si. E se perpetua dentro de um pergaminho sobre o sol dos Montes Gerais. Na renda que marca meu ponto, minha letra, meu riso conjugando a Oração.
E quando me ler, desafogue-se de si. E vista-se de infinitos, pra acender outros faróis e desexplicar invenções exaustivas. Vou-me na ponta do lápis, em que toda excelência modela o Verbo, redesenha memórias, pra suplantar seus milagres.
(Fernanda Fraga)


sábado, 20 de abril de 2013

Ainda que...


Pra ouvir: Like a Rose – Maria Gadú.
Sedes na ventura outonada,
a ternura fiel das folhas e dos frutos.
Ainda que se morra.
Ainda que se renasça em outras memórias
Sedes a tua própria matéria refletida
no encontro do outro,
quando ele também é tua morada.
Teu perfume perdurando no segundo
Em que se olha,
Se toca,
e se é.

(Fernanda Fraga)

*Pequeno fragmento inspirado novamente com a poesia da poeta Roberta Tostes Daniel Duração

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Dos abraços...


Nenhum abraço traduz esse espaço que se abre entre nós. (Fernanda Fraga)

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Lilases de Abril...

Uma bruma desenha no céu... E é com bordas limítrofes e um verso acessório. Reinventas meus nasceres. E despeja e reparte e encanta. Até que se brote na entrega florescente – a florescência liquefeita, nos arrebóis enluarados. Enquanto quase sou, alongam-se as horas, os lençóis, centenas deles; a repartir a imensidão do cacto, a proeza avivada da flor: o improvável broto. Estendem-se as cortinas, já é Abril.   (Fernanda Fraga)


“Abril é o mais cruel dos meses, germina lilases da terra morta, mistura memória e desejo, aviva agônicas raízes com a chuva da primavera”.  (T.S. Eliot)

*Inspirado nas paráfrases com a poeta Roberta Tostes Daniel, autora do blog - Sede Frente ao Mar.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Traço Delicado...



Que as estrelas brilhem cada vez mais nítidas, e se leves te escrevam fluidas, e com traço delicado delineie através das minhas mãos teu próprio retrato; um filme a tornar-se canto, um acorde virando Poesia. (Fernanda Fraga)