quinta-feira, 19 de junho de 2014

À borda...

Traça-se à borda das palavras
Um poema a se erguerem aos Corais
Abrir as portas e afiar os teus voos.
Enamorei vendo o plantio das cores das nuvens,
Das uvas sobre o ruído violeta
Que desliza por dentro do aroma,
Num fino respingo entre todas as luzes
E por baixo o cheiro macio
Talhando as flautas.

Revelam-se os meus espaços,
Crispados; excêntricos, puídos.
Os enfeites dos laços do Sol
a língua dos pincéis sob nós dois.
As seivas, as folhas, teus aléns tombados em mim.

Percorrera o chão, os abismos desabitabitados
A letra dobrada do verso
O aceno circunscrito
enquanto o vento, robusto
percorre os meus passos
E modula minhas mãos
Aos traços, as linhas, a essa imensidão.

Porque teu olhar é farol
Onde nascem as brisas, aquarelas úmidas de êxtases;
O sossego caminhante.
E à beira das asas apenas meu sobressalto:

Posso dilatar as horas, saborear os flocos das nuvens;
poemar o romance enquanto esse Pássaro nasce?
Posso demorar-me em ti?  
dedicar-me a essa linguagem bendita de Preces?

Posso contentar-me hoje com esse Divino resplendor;
E me sentir inteira, infinita,
poemando o meu sorrir em tua primavera?
Posso regressar meus silêncios;
e ainda assim me saber presente?

Posso ver-te esquecido dos dias;
E cumprir contigo os encantos e as profundidades
Num bem-querer que se revira em nós?
A todos os milagres e abrigos;
E aos inevitáveis confins da memória,
que absorve tua matéria serena;
a contemplar nossos infinitos.
(Fernanda Fraga)

*Imagem do Google, não encontrei a referência do autor da imagem, quem soube pode mencionar aqui, que insiro a autoria.