sábado, 5 de outubro de 2013

Contemplação...

*Foto de arquivo pessoal
Desde então as garças se debatiam no beiral daquelas calçadas, nas ramagens do Sol. A brisa dissolvia a candura das Palavras e afinavam minhas asas e alçavam os meus pés. Sua leveza revelara o silêncio e o cheiro de aprofundar espelhamentos. Um crepúsculo a invadir o ritmar dos arvoredos e aquilo que está atrás dessas sutilezas. Meu lápis azul compõem algumas rimas, desenhos; letras, linhas e outras, sílabas ágrafas. Consagração de visitar-se os olhos. E meu ofício é trazer-te existência. Lugar onde mora a plenitude, o aroma das cores e a textura dos sons. Templo onde as franjas amarelas do meu quintal também te habitam. Altar onde a voz do poeta é violino, flauta doce, verso oblíquo, presente do infinito. A entradura nas copas das árvores para apalpar aos olhos. A expressão da alma em redescobrir nas letras seus amanheceres quando nos falta o seu alcance. O hálito verberado da própria fala audível, entre os horizontes. A poesia nasce do que está lá para ser vista daqui.

(Fernanda Fraga, Minas Gerais, 30 de setembro de 2013)
                                                                                                                       
*Foto do meu arquivo pessoal registrada a caminho do trabalho, numa manhã de setembro.