*Foto de arquivo pessoal
Desde então as garças se debatiam no beiral daquelas calçadas, nas
ramagens do Sol. A brisa dissolvia a candura das Palavras e afinavam minhas
asas e alçavam os meus pés. Sua leveza revelara o silêncio e o cheiro de aprofundar
espelhamentos. Um crepúsculo a invadir o ritmar dos arvoredos e aquilo que está
atrás dessas sutilezas. Meu lápis azul compõem algumas rimas, desenhos; letras,
linhas e outras, sílabas ágrafas. Consagração de visitar-se os olhos. E meu
ofício é trazer-te existência. Lugar onde mora a plenitude, o aroma das cores e
a textura dos sons. Templo onde as franjas amarelas do meu quintal também te
habitam. Altar onde a voz do poeta é violino, flauta doce, verso oblíquo,
presente do infinito. A entradura nas copas das árvores para apalpar aos
olhos. A expressão da alma em redescobrir nas letras seus amanheceres quando nos
falta o seu alcance. O hálito verberado da própria fala audível, entre os
horizontes. A poesia nasce do que está lá para ser vista daqui.
(Fernanda Fraga, Minas
Gerais, 30 de setembro de 2013)
*Foto do meu arquivo pessoal registrada a caminho do trabalho, numa
manhã de setembro.