quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Dobradura de tua voz e dos olhos...

Teus olhos se esbarram repetidas vezes a essa cor de outono amendoados, quando te sinto e ouço decorar-me todas essas melodias a emitir em tua boca. Despi nos teus contornos, raízes de um poema exposto, que me florescem, carregam meus descansos nas folhagens do chão. E quando pela tua Alma desejosa esculpe certos silêncios, tinge nas íris dos meus, clareados. E estreitas as desoras de mim. Suspensa quase evaporo, semi-solta àquela frase a deslizar na dobradura dos teus olhos, e na fina esperança que antecedes tu ao Mar. Sabendo eu que qualquer gesto abriga-me rente a ti, distende tantos vazios, amansa sentidos outros. Despertais assim dimensões ternas, acolho-me ante essa tua pausa espremida, a esmaecer as querências que carrego abafadas: e me revira, gira, voa todo meu ser.
Um caminho desancorado que desnuda - me suplanta. Como se tudo suavizasse resoluto esse encantamento. Brinda-me sem saberes do teu tom, povoa-me dos teus amanhãs, palco onde repouso da aridez do vento. E exponho-me versar toda cor que revela poesia apoiada em tua voz.  Que devoras e devolve-me o esmero sossego, que também rasura a rima.
Quero a versão contrária e durável dessas distâncias, e desprender-me para que seja o esteio para tuas presenças. Assim, movida por uma ternura tão habitada, tudo finda, desabrocha as linhas para fazer-te de jeito sublime disposto a esse propósito - se atentar a mim. Cultivo esse orvalho, na tua voz que se confessa a mim dos teus sagrados, que me abrigam, avivam-me no teu uni(verso). E que aos poucos pousa e voa e fica com aquela paz bonita, a desafogar; para te habitar e te caber todo.
(Fernanda Fraga, 7 de Dezembro de 2013)


"Te ver era como despir uma poesia. E se vestir da cor dos seus olhos." (Bárbara Carvalho)


*Imagem do Google site específico não encontrado.