domingo, 31 de outubro de 2010

(...)"Porque já cansou de ser presença esquecida, ignorada"(...).


Ela deseja ardentemente ser ausência agora, pode ser uma ausência qualquer. Nesse rosto desenhado de ternuras e finitudes. Nessa voz serena e cheia de verborragias. Carrega em si uma agonia tão desmedida. Um nó na garganta. Um amor recolhido, onde ele a reprimi para não dizer a verdade dela. É uma fuga, um desassossego, é tecer linhas de novelo no escuro. 

Ela já não compreende mais essas provocações e de ser apenas convidada para fazer parte das alegrias dele. Ora por ele lhe procurar para dizer que está com saudade da outra, ou ora por ele está feliz por ter passado o fim de semana com ela. Procurando-a só pra esses desabafos.

Ecoando canções de um verão qualquer, espera-se que teu semblante retorne a ser um pedaço do céu, e seja terno para embalar suas noites e brilhar junto às estrelas do alto daquela pedra.

A moça-menina, menina-moça-mulher está em busca de seu amor-próprio.

Porque já cansou de ser presença esquecida, ignorada. E mirar-se aos teus braços sem medo e com desejo só pra ser presença em um dia, não; definitivamente não. Quero ser um verso qualquer sim; mas um verso para toda uma vida.

(Por Fernanda F. Fraga)

PS.: Inspirado na prosa poética da poetisa Priscila Rôde "Ela precisa ser ausência com lágrimas": http://priscilarode.blogspot.com/2010/10/ela-precisa-ser-ausencia-com-lagrimas.html


Escrevi esse texto ao som de Papas da Língua música linda "Vem prá Cá":


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terça-feira, 26 de outubro de 2010

.."Para que no mínimo a sua boca possa sentir o sabor de um Amor em sangue vivo, mas coagulado".

                                                           
          

                                                              ...”De olhares indiscretos
                                                                     O nosso amor
                                                               Quebrou feito objeto
                                                 Digo o que fazer então, são memórias tão reais
                                                              Do que nunca
aconteceu”... (Fotos na Estante/Skank) 





Tão profundo quanto à lágrima que desliza nos meus olhos, quanto a essa linha tênue que revelou todo seu acervo de mentiras e desdéns. Ela, porém, já pressentiu que o seu Querer iria se desfazer naquela noite fria. E como foi desfeito. Fosse talvez o dia mais intermitente. Aquela jovem sentia uma dor tão funda no peito que seu Amor foi coagulando no coração, sim; foi coagulando no coração. Cada fluxo intenso, cada hemácia foi aprisionada em seus átrios.   

Os dias foram passando, sombreados de um azul opaco. A cada tentativa de retomar e questionar o que viveram, ela ouvia e lia lentamente todas as confabulações do Amado-amor, para ela era um pesadelo, um enamorar-se desordenado e para ele nada aconteceu. Porém, seus anseios foram todos desconfigurados como fantasias do outro, dele do amado.

Ela em pouco mais de um ano carregou em si contemplações e expectativas, pois havia uma mutualidade em cada encontro: corpos abraçados, sussurros ao pé do ouvido, beijos macios, gestos de ternura, e imensos desejos diversos como uma suave brisa cálida no ar. Que alastrou em meios as chagas e feridas cortantes em todo seu ser.

No entanto, ela tem bebido altas doses de um vinho seco, com gosto de acre para repugnar aquelas memórias, aqueles teus lábios de desdém que proferiram em alto e bom tom: - “Não. não houve nada entre nós! (Me poupe!)”. Para que no mínimo a sua boca possa sentir o sabor de um Amor em sangue vivo, mas coagulado.

(Por Fernanda F. Fraga).

OBS: Esse meu texto pode ser lido ouvindo junto a essa música do Skank "Fotos na Estante" da letra citada acima. Inspirei esse fato ouvindo ela:

 

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Espelhos Dos Meus Olhos




 


Espelhos Dos Meus Olhos 


Instante eterno, mistério, ou tormento.

Luz que irradia nos meus olhos para amar-te

Espelhos que refletem e não cansam de olhar-te

Amor que suporta, espera, a todo o momento.

 

Olhos que se cruzam ou desviam em teu pensamento.

Espelhos d’água, rios que correm e que não apagam a chama.

E o brilho que te ofusca ou talvez eternize no tempo.

Nesse coração que dispara, pois só ele te ama.

 

É nos meus olhos que refletem o verde da cor.

E que na contemplação infinita

Que nos belos campos o beija-flor

 

Que na tua fúria inserida

Talvez um anjo lhe clame: por favor,

Busque em meus olhos o que diz a palavra

O que diz: o Amor!



(Por Fernanda F. Fraga)


 (Do livro: “Os Olhos do Coração / Fernanda Ferreira Fraga, Montes Claros - MG : Ed. Unimontes, 2003. pág. 56.: il.).

 

PS.: Está aí como mencionei ao criar esse novo blog que iria está postando não só contos, mas poemas que escrevo e, esse poema foi publicado no meu primeiro livro de poemas lançado em 2003, para quem não teve acesso ao livro está aí à oportunidade de ler, sentir e guardar na memória. Embora esse poema tenha sido escrito por mim em uma noite de verão de 1998, em um tempo muito difícil da minha vida, ele ainda se faz presente em meu peito, me encontro nele, pois tenho vivido semelhanças com aquele passado que hoje se faz morada, passado que me deixou marcas profundas e que hoje revivo tudo de novo. Mesmo que os amores já sejam outros, as vivências outras, a maturidade que se finda em meus poucos 26 anos, o poema continua descrevendo em mim toda palavra que em meus lábios se cala.