terça-feira, 30 de outubro de 2012

- O melhor que somos...


Moço, penso que nesse contexto nosso, o que não pesa não é o temer, não é o se ferir, isso é inevitável, mas de não se fazer-querer-ser dentro da gente, o melhor que somos no outro.
(Fernanda Fraga)


Imagem do Google sem site específico.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Das Escolhas...


Talvez seja melhor viverem seus conformismos, seus medos e indecisões. Suas rasuras e atrasos, pois não há acréscimo em viver do orgulho de não permitir-se; das frustrações daquele caminho cujo os passos, não tocaram. Não há incerteza maior daquele sabor acre a ficar na pauta de um rascunho que nunca ansiou ser esboçado. Essa amarra que desbota o desaguar bonito das coisas que vem até os lábios e delas voltam. É lamentável  ficar preso pelas escolhas e represar amorosidades desse fluxo findado e entregue nas próprias mãos. Nas batidas dessa Poesia a sacudir essas marés; do pedaço-inteiro que sou, mesmo partida. É angustiante também não se saber o que houve, do telefone mudo, da mensagem pendente, da porta fechada, do horizonte escuro, do sinal travado, da sensação de “expulsão” do beija-flor do jardim. Daquela casa da Poesia, do Amor, da ternura, do que somos nós, mesmo não sendo, além de algum sentimento ou estado de fato. Perdem o tempo, quando na verdade o buscar das coisas e nuances, de certa forma, se revela mesmo é no outro e para nós.
Por que sou daquelas que vivo minhas querências e incertezas também, mas eu arrisco e me inundo de verdades e sentimentos. E creio, que não seja fácil deixar a platéia. Nasci talhada pelo Amor, pelo desejo mútuo de completude, mesmo eu  sendo metade, impermanência. Não aprendi a viver de marés, de estações. Aprendi a colorir minhas coragens e deixar aquela lágrima cair quando tiver de cair, e deixar meus sentimentos bem limpinhos, puros e despidos de qualquer vir-a-ser, para o hoje e não um amanhã. Como sou feita de cheganças me desfaço de armaduras quando a vida me propõe ser franca. Por isso concedi as cartas, abrir as janelas de uma grandiosidade de quem se olha nos olhos e confessa-se ...
E eu mesmo, não perdi nada, pincelei meus arco-íris com os tons concedidos e guardo o que de contemplativo foi e é... Sopram naquela janela colorida por sinal, a mesma brisa, o mesmo Amantes-amados, beijando as águas na maciez que agora lavo minhas mãos.
(Fernanda Fraga)

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Paper...

Sob o papel repousado em meu colo, tento fazer do Amor algum esquecimento. A qual coração se deveria envolver com laços de seda - e qual com arame farpado? Observa-se a facilidade em estender as fitas e amarrar suas pontas em belos nós, belos ornatos. Pronto: o elo foi instalado, a ponte estabelecida. A dona beleza passa a fazer visitas constantes. Os lábios se umedecem de viçosas esperanças. Uma mudança. Uma pequena brisa. Uma outra estação dá boas-vindas. Desponta um sol ligeiro, um calor cujos raios levam um toque pro mais fundo, e a tempestade faz bagunça nos esconderijos internos. O leque de possibilidades oferece suas abas ventilando ares sulescos ou meridionais e o coração presidiário, acostumado ao sufoco e grades, mostra que não quer respirar ainda... Deixando-se levar pela tempestade, compra passagem no vento mais forte pra ir-se e não receber o sopro que lhe traria a suavidade almejada. Não suporta o carinho da brisa. Logo se vai bater em outra janela, pedir pão em outra porta. Quando um laço de seda fecha um cofre há que se vigiar pra que leviandade metálica dum outro coração não lhe corte o enfeite com sua tesoura e comprometa seus ricos tesouros. Sabe aquele papel no colo, o laço de seda e os lábios úmidos? Bem, o papel foi maculado por essas palavras tristes. O laço de seda recebeu o desnó. Os lábios - pobres lábios! - ressecaram na aridez do beijo que não veio.

(Fernanda Fraga & Moreno Pessoa)


Imagens: Weheartit