domingo, 23 de março de 2014

Tens de mim...

Tens de mim todas as estrofes. Luares onde aprendo silenciosamente a guardar-me em canção. Tens tanto de mim a transbordar nos Lagos, nos montes. Nas tardes em que a chuva te bebe, te saboreia, e colore tua pele. Enquanto minhas mãos, te afagam e te fazem sinfonia e minha amplidão. Invento gaivotas, para confessar cantante o tom da tua voz. E os desenhos das tuas asas, para que eu seja templo para o teu pouso.
Terra sossegada em que repercutem manhãs. Paisagens que se enfeitam e engravidam nas migrações do meu perfume. Pois tens vestido de ausências e soube rima navegar contigo. Onde meus gestos se sustentam a reger toda pintura e entornam o teu Sol. Tintilando cintiloso - a confessa vibração do teu nome. Que só sabem tocar a minha boca. Tens pássaros e lascas de giz de cera. Pondo-se em cores a se ascenderem onde não estás. Poente és tu quando voltas. Verso-te com a mesma sonoridade - quero de(morar) no teu beijo.

(Fernanda Fraga, 13 de março de 2014)

*Imagem com autoria não encontrada.

3 comentários:

Alexandre Lucio Fernandes disse...

Quando somos, temos a completude das belezas dissipadas no tenro tecido do amor. A gente versa o sabor em versos, culminando os desejos nas mãos um do outro.

Palavras soberbas querida Fê. Um desdobramento de poesia que acumula doçuras nos olhos.

À espera do seu livro. Faça. =D

Beijo querida.
<3

Natalie Dowsley disse...

Há, Fernanda!
Que coisa linda e apaixonadamente leve!
Parabéns pela sonoridade e amor com que escreve e vive! Obrigada por compartilhar conosco!

Luana Barcelos Dantas disse...

Demasiadamente suave, sereno e profundo....beijo