sábado, 29 de outubro de 2011

Rastros...


São esses instantes despretenciosos que te vejo chegar, num passo rápido initerrupto. Deixando o rastro de querer você. Bem perto, bem livre... Diluindo-o todo em mim. Sua inegável passagem em fazer renascer os meus dias com as cores dos girassóis. Rabisco com lápis de giz-de- cera a rapidez que chega e suas demoras de quando se vai. O seu colo é meu encontro, as letras, as palavras soltas, enquanto você não vem.
Sou beijada nesses instantes por seus lábios, nas pétalas dos seus sóis. Procuro não pautar o que esse passo veloz, demorado poderá um dia vir a ser. Mas digo que as letras dos nossos nomes juntos são plurais, múltiplos: por você ser o verso, e eu a poesia. São esses instantes de presença-ausência que descortina a rapidez do encontro, sem desinsuflar a vida e nem ofuscar despercebido o brilho do sol.
(Fernanda Fraga)

domingo, 23 de outubro de 2011

Minha retina na sua íris (...)



Adormeço quieta, com os olhos entreabertos, fixos a margem das nuvens de algodão. Sopram cataventos na persiana do quarto. Espirais coloridos refletem sua face, o queixo quadrado, o sorriso gracioso a desaguar em mim.
Mas não sei... não vejo seus nuances como outrora, está desfogado, afrouxou esse espaço visual entre a minha retina e a sua íris. Parece está em contramão o seu agora, seu despertar perpassando as cortinas das minhas manhãs com sua luz. Enrolada por entre os lençóis da minha cama e os arrepios da pele.
Me desperto desatenta: Onde está meu Céu estreladinho? Cadê ele?

(Fernanda Fraga)


sábado, 22 de outubro de 2011

Ancorar o Sagrado...


Creio numa distância demarcada geograficamente. Mas elas declamam e se unem por fusos horizontonais: alma e corpo. Desbravar o Sagrado e entender que o amava, mas amava o que ainda ama sem o ter. Talvez uma forma redentora de distrair a Alma, usamos alguns meios de prosseguir o rumo, remar frente as tempestades que os “outros”, aqueles “outros” nos fizeram ilhar por entre os vendavais e naufrágios de suas próprias desistências.
Uma pesada desconfiguração lapidadas por cristais de vidros transparentes, que (eu) ousei tocá-los com as gotas da poesia. E me assentava lá naquele banco, onde já avistava seu pôr do sol. Partir nessa lonjura de se chegar a esse arquipélago, remando o barco onde se permite que o hoje sopre as brisas de Você. Âncoras lançadas ao mar, de renovações e encontros.
É exaustivo e o cansaço em ser velejante de arquipélagos de chegar as possibilidades do que realmente me reintera, são as desistências. Aquele que decidiu navegar comigo até a linha de chegada como quem canta as glórias e os seus fracassos, pode tentar enxergar a prevalência do que pode vir a ser: o algodão doce, minhas poesias, por sobre os pincéis de suas palavras. E eu percebo ainda que os que desistem de nós são fraquejados pelas circunstâncias, não conseguem segurar a "barra". Os vemos escorrer, escapar o que no tempo, não permanece.
Assim versando o infinito das minhas palavras e suas entrelinhas, reconheço as regras de se chegar juntos a esse encontro. Passo a dar lugar não ao que deve ser útil, nem ao que prende, mas que no Amor me transforma. Percebo ainda das inúmeras vezes que naveguei pensando que o outro também estivesse fundamentando nisso e pareceu decidir ser âncora, aliança, ser poesia, ser Amor.
Fui golpeada pelos escorregões das gotas das chuvas que instabilizaram meus pés, meus braços e deixaram meu navio inseguro. Então, é quando eu percebo que o outro já desistiu de mim há muito tempo e eu já percorria sozinha. Remou o barco um certo tempo e depois deixou-me à deriva. É o que mais dói encontrar-se solta, descobrir ao virar o rosto e ver seu navio já vazio. Machucada com alguns hematomas e arranhões, mas inteira.

(Fernanda Fraga)

PS.: Imagens do Google, sem site específico

sábado, 1 de outubro de 2011

Amores (Par)tidos...



 “O Violoncelo de Georg esfola os ouvidos.
Um choro verdadeiro, sôfrego, contindo.
O choro dos amores não correspondidos.” (Lídia Martins)

Uma lança perfurada, nas almas dos aflitos.
Parte enfurecida, desprevenida, nos corpos benditos.
Alegorias encontradas,
Solfejo permitido, ardente,
Mas partido.   (Fernanda Fraga)

PS.: Esse poema foi inspirado em um Tweet da poetisa Lídia Martins, ela fez a citação do trecho acima inserindo o vídeo do You Tube da obra de Tschaikovsky Valse Sentimental, mas tocada pelo violoncelo Georg, daí me veio esses versos aí abaixo. Pra visualizar o blog da Lídia Martins é só passar o mouse sobre o nome dela lá em cima.