domingo, 27 de março de 2011

(...)"Há de ter um sopro, um suspiro, que pode até doer, mas me fará tecer por um fio; a mesma flor que Ele trouxe pra mais perto"..



“Coragem, às vezes, é desapego. É parar de se esticar, em vão, para trazer a linha de volta. (...)
É aceitar doer inteiro até florir de novo” (Caio. Fernando Abreu)


O sol vai se pondo mais cedo nessas últimas semanas de Março. Aquele calor vem dando espaço aos dias mais chuvosos, garoinhas, só para esfriar. É o intimismo do Outono. Ele chegou. Tomou espaços com seus extremos e seus ares de um novo dia. E nessas andanças, toma-se como rito: a queda das folhas em solo Encantado. As cores das paisagens são vistas em tons mais pastéis, do vermelho ao amarelado.
Deixei-me desabrochar assim em ar convidativo, mas era uma urgência que me letrava, que me pautava, e me beijava em rimas, em prosas e desafiava-me a abrir as cortinas e lançar fora toda a poeira de dor que insistia em permanecer por ali, mofando. E não abri mão. Deixei-me ir.
Por vezes percebo que essa estação é uma alavanca em minha vida. Digamos que uma válvula de escape. Porque tem coisas minha gente que é preciso retirar, arrancar do peito se for preciso. E mesmo que o Outono seja uma etapa de perdas. Sei que o “arrancar” do peito também é uma “perda”, é uma entrega: é libertar-se. É arejar, tirar as névoas, afastar os móveis e ir bordando noutros lençóis, noutras telas, noutros jardins.
Minh´alma se iguala. E é dedilhada pelas notas dessa estação, como um ar fresco exalado dos lábios de Deus. Talvez, necessitamos que as coisas tomem seu curso, deixem ir. Sabe-se lá, também, que as folhas das árvores são assim, elas precisam cair, secar, para reviverem na estação recém-chegada.
Por ventura se essa “gestação” não fosse cumprida, as folhas se alto abortariam antes de recém-nascerem e morreriam sufocadas, pisoteadas.
E ele chegou bonito, escancarando adentro, rompendo em meu coração toda dor e lágrima que me oprimia. Por hora, decidi desprender de certas pessoas, coisas e recolhi os meus sonhos, minhas pétalas. Porque sei que há de ter um sopro, um suspiro, que pode até doer, mas me fará tecer por um fio; a mesma flor que Ele trouxe pra mais perto.


(Por Fernanda F.Fraga)

Essa música de Rihanna - "Take a Bow" diz muito do momento:



PS.: Só pra retificar rapidinho aqui meus queridos, esse texto é só uma simbolização de algo/alguém que eu precisava finalizar em minha vida há algum tempo, já não dava mais. E aqui é só mesmo uma forma de pontuar, virar a página.



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sábado, 5 de março de 2011

(...) Só porque esse Amor virou Silêncio...




Na frescura espessa em meus cabelos,
De lírios encantados,
Ponho-me a tecer pensamentos seus.
A romper nos olhos o escancarar da alma.
Pra corroer, extirpar, esvanecer.
Poupo somente o que é controverso do meu Querer.


Despedaço-me na certeza que ele foi
Que foi o Amor que rompeu cílios d´olhos vívidos.
Uma demora flamejante, de cicatriz exposta.
Sei lá, se é um engano ou desengano dizer.
Porque sobra tanta coisa
Abriga, mas fere.


Talvez...
Uma minúscula forma de aproximar nossos olhos.
Só porque esse Amor virou silêncio.
Sei que agora sou só: Solitudine.
Uma completude de mim.
Me encontro assim, em muitas esperas
E recolhidas sem fim.


Agora sou aquele grito que cravei
De sentimentos em libertas-lágrimas
Diminutas gotas dos Céus
Em terra molhada.


Eram meus quereres,
Nossas urgências ou as minhas só.
Outonos não consumados
Que naveguei de corpo inteiro.


(Por Fernanda F. Fraga)


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