Foto Daniela Cabizuca
Aquelas notas cheiravam a
rastro d´água,
Das nuvens aprendi o
cirandar das sílabas e a geometria dos dinossauros
Uma Ode à criação artesã dos
meus contornos
Meu nau de verdades e
mentiras,
que por hora colorem,
se desbotam,
se aquarelam,
A fazer-se brisa,
voo;
árvore,
Impressões da beleza que aos
olhos
Se inspiram e imprimem ao
hábil ofício do seu gênero.
E bem lá, no lombo da serra
O esguio pé de tamarino imóvel,
Esgalhado sobre as raízes do
jatobá,
As aroeiras arredam do chão
a palavra
Seu acontecer tem água nua
Rasgões, línguas e desvisões.
Viram margem no dialeto mineiro
Se repartem aos maracujás no
arco-íris
E tem a transbordância de
calçar-me de terra
Meu habitar tem a geografia
de João-de-barro.
.
Feito espiral o poeta macera
o timbre pousado na letra
Uma encantatória orquestra
que carrega no refrão, seu firmamento
Desenrola o novelo, desenha
entrelinhas ao sabor dos frutos
Segue a ordem natural das
palavras,
A lembrarem do Amor,
Da alma que apreende da
pétala, o teu letral,
a fragrância da estrofe.
Decerto entre as vielas há
um sopro agravado,
Insuflado, uma composição a
se afinar
Enquanto a breve clave
expande
Ao minúsculo espaço da
flauta
A soletrarem quimeras, de
pura erudição
O diafragma incendeia o
verso na ponta do lápis.
(Fernanda Fraga)