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(...) “Me envolvo em tranças de cabelos quentes
Me perco em frias flautas de bambu
Sou nota que insiste em seus dentes
Ganhei da vida o tons que fazes tu.” ( Larissa Lamas Pucci).
Esse ar sereno e brotante que cobria minha face de saudade escondida. Por entre meus devaneios chorosos, pouco das minhas mãos insistem em ter-te tão meu, tão nosso.
E de mim, cujos tons e sons se emergiam em beijos sequiosos, mas somente imaginários. Uma quimera que eu desejei dia após dia ter-te como alegoria, ou por gotas de um orvalho que pendiam no meu céu. Que o seu próprio olhar poderia se prender (se quisesse).
Poderia ser uma cumplicidade que tomava conta de mim, mas trilhei por outros beijos, tácitos, ávidos e cálidos, só pra nutrir-me de sol, de luz. Enquanto não o tinha ao meu alcance. Só que me perdia sempre, pois os beijos (do outro) não eram tão sinceros, ao ponto de flamejar, de elevar à enésima potência, todos os estandartes puros e ternos de uma alma tão singular.
Dedilhar amores ao piano, eu poderia, eu toco, eu me arrisco... Queria tocar notas intocáveis, há um som de arco-íris que só se pode ver e ouvir, assim; na plenitude. Há muitos tons e cores incoloríveis.
E de mim que anseia expirar e colorir tela por tela os teus desejos mais profundos, suspirava se permitisses, sê-los também. Roubarei num beijo, teus lábios por sobre os meus, daqueles, bem devagar e macios, que dá só uma encostada bem de leve, no seu rosto – e me despeço. É assim que te beijo. Com os beijos teus, sou eu. Inteiramente, tua.
(Por Fernanda Fraga, Fevereiro de 2010).