sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Um minuto...


Tempo...
Presunção humana pautada na espera em que os relógios lá do Céu pontuem outro segundo, outra ciranda de rodas. Enquanto o nosso corre  trilhões na ligeireza.
Um minuto sem piscar os cílios; para que seus olhos descansem bem cá, lendo-me.
E o coração no tic-tac à espera do mesmo abraço.

(Fernanda F. Fraga)

Imagens daqui: Weheartit

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Laço Bonito...


Ruiu ao cansaço...
A dor nos punhos. Alcancei um mero espectro do Girassol. Tracei uma linha fina, quase que transparente no espelho encostado do lado de lá.
A fraqueza revestida entre a pressa de aguardar sinais de fumaça, ausências e a demora de chegar a tudo; que foi e é. Uma hora encontra-se, uma hora a gente não se perde mais. Só para abraçar sem desprender-se uma Alma da outra, só para alcançar voos onde os pés cansados já não alcançam mais; só para voar de balão enquanto a tristeza vez em quando rouba os meus sonhos; fragiliza as mãos, resseca a Poesia, trás enjôo no estômago e engole sequidões. Só para fazer ciranda com os ventos enquanto meus cabelos bailam no ar em algum canto junto ao verso seu. Só para desconfigurar diversas tentantivas de refúgio para ser em-mim-morada. Porque eu já confessei você laço bonito.
Vestimos-nos nas palavras, mas fomos também corpos nus sob a Luz vislumbrada. Fomos o avesso e o afastamento. A melodia da manhã e o silêncio a fazer orquestra com os passáros em pleno domingo de sol.
Exausta eu me encontrava a cada dia, meu peito gritava quieto enquanto o ar faltava, enquanto sua ausência se completava; enquanto àqueles relâmpagos desalinhados refletiam no espelho de mim mesma. Estremecia muito, clareava muito. Meus suspiros naquela tarde faziam coro com as gotas da chuva refrigerada na varanda aqui de casa. Uma vazão de mim sem você. Uma falta que eu murmurava, por entre seus vestígios e a minha desventura.
Por sob alguma tentativa, um alcance longínquo da linha de chegada, de algum pódio ou até o último lugar; mas sendo-nos. Encontrando-nos. Ainda que a Luz plácida perpassasse a nossa íris e desmotivassemos. Abrigamos-nos. Ainda que o destino pareça não nos querer no mesmo espaço, na mesma esfera do Amor que cremos, só para não sermos nem menos e nem mais.
Que o desdobrar dos lençóis de Musselina tragam sem pressa a maciez nas minhas peregrinações tantas vezes negada.
E a vida, ah... a vida, essa mesma; que ela regue o Amor e faça barulho bom de quem sai pra ouvir sons de violinos e pianos na Chácara do lado.
Dessa saudade que nos faz lembrar dos manuscritos, das rezas; dos condimentos, das comidinhas, dos doces; dos versos, das linhas, onde meus abraços tentam tocar-te sem entre(linhas), sem o retrós contrário, mas que em mim vivia.
Será que há ainda espectros? Girassóis? Amores? Há ainda as janelas? Há laços? As pontes? Haverá sim, dizia os relâmpagos. Há o Amor sabendo-te menina, há uma Alma em que trará ao paraíso de suas Ilhas, o Céu entre seus olhos. Suspiros... Há uma grande urgência, há você longe-perto na tranquila distância dos meus úmidos lábios sem os seus.
(Fernanda F. Fraga)

PS.: Imagens do Google, sem site específico.

sábado, 14 de janeiro de 2012

Pincéis do Pintor


Pincéis do Pintor

Raio que rasga do infinito
Arrancando o resto que ficou.

Recortando em papéis
Os fios que restou.

Raio que rasga rugindo
Raivando na rua o medo, o temor.

Raio que rasga no céu
Rebuscando a raiz que estrelou.

Raio que rasga no arco-íris
Repitando as cores do Amor.

Arranhando todas as partes
Das faces do desamor.

Raio que rasga na rapidez
Da rispidez que raiou.

Raio que rasga nos pincéis
Dos beijos-róseos do pintor.

(Fernanda Fraga)

PS.: Imagens do Google sem site específico.

sábado, 7 de janeiro de 2012

Flor-semente...



Gosto de cuidar com paciência do meu jardim que cresce a passos lentos e ressurgi sem o medo das tempestades da inveja, do (des)amor. Da Fé semeadora onde o desprezo, amargura, o descaso; do amor não correspondido não aniquila o meu agora e nem o meu depois. E se a espera de possuir a colheita da flor-semente, dos versos trocados, das palavras cultivadas, da eternidade que não germinou nosso presente. E cujo resgate possuía, ou melhor possui, o adubo da célebre-terra, do cuidado seu; do jardim que nos possui, do beijo que não se esqueceu de resgatar e nem de devolver. Possuir, sem p-o-ss-u(ir), sem nos alcançar. Se por hora às vezes vivo na travessia desses questionamentos, a vagar perguntas sem respostas sempre na mão dupla. Por entre encontros que não acontecem e não se consomem. Do alcance inatingível, onde todo meu voo tem a leveza da brisa que alcança e abraça a prece rogada a Deus.
Do breve e tímido silêncio que carrego em mim enquanto faço a varredura das folhas nesse chão onde meus pés diariamente deambulam e vislumbram plantar as melhores sementes. Embora com o corpo fragilizado das colheitas e plantios anteriores. Luto todos os dias para que as águas do mar nebuloso não naufrague os ramos, as rosas, as poesias; o florescer do Amor que creio.
Ainda em êxtase, o firmamento tenta anunciar seu desporto num cais qualquer, como noutro tempo, como aquele bem-querer do moço em minha idade pueril, aquele marcado, aquele cuja as forças dilaceram em dor intermitente, aquele cujo o céu azul desbotou por temporadas a fora e pariu nos meus átrios uma fecundação em flor poética. Possuir sem possuir-te.
A casualidade fez da minha inadequação passada separar melhor meu plantio, cuidar do agora, dos floreios, das mudas. Embora arrisquei algumas sementeiras que não vingaram, mas veio fazer-se também estória. Talvez uma algia me ocorre e arrebata os punhos há três meses, um cansaço nos joelhos por ficar prostrados no chão por dias a fio, onde regi ou tentei fazer-se janela; paisagem sagrada a espera de brisas. O espaço onde meu Amor foi fazer-se grande demais, capaz de abargar aquela abertura vivida, a assustar o brilho do girassol. Um dia noutro tempo, uma época em que não aconteceu, ele afongentou-se covardamente. E ela, nem sabia o que viria a ser hoje seus dias e vivificar a mística narrada outrora em seus puéris tenros anos. Ao passo que sua coragem já ditada antes mesmo de saber qual voo flutuaria seus pés por sob aqueles desenhos de quando pequena rabiscava o papel do pão: ela e ele passeando de balão. Qual seria a cor lilás da rosa que plantou. Dos sussurros e ar(dor) do íntimo dele dentro de mim, a tentar possuir no atrito das epidermes cavernosas, naquele espaço apertado, úmido-quente, difícil; só para romper as membranas, os vasos sanguíneos fininhos dentro, bem dentro e consumir-se mutualmente os dois, fazendo-se apenas um. E o coração saltitava e desencontrava a confessar sentimentos, enquanto preparava sua terra, desde sempre. Assim em todo o tempo arava esses espaços, de ciclo a ciclos, recompondo os vãos. Enquanto a impossibilidade das aragens, ou mesmo das tempestades tentavam arrombar e carregar o Crepúsculo de dentro de mim.
Foi então que eu me convenço que esta dor doutro tempo me acompanha e se repete e me faz ser opositora de mim mesma. Porque encontro novamente ao que me fez perder os eixos, mas ao passo que, pus-me a mudar a rota; traçar os descontornos do chão, n´uma nova anatomia radiografada. Porque vejo e inspiro que o raio do Céu firma a luminosidade das rosas, aquece as raízes a se move e a pousar no campo escolhido, sem intenção de te escolher.
O gosto doutra época, incinerava minhas inquietações e fui-me para outro rito. Almejar alguma reciprocidade, mas tentando arar o adubo novo, as sementes e mudas semicoloridas, sem pretensões. Só predispondo eternizar o verdadeiro. Carregar mesmo com os espinhos, Cravos, Girassóis, Tulipas, o Amor nas minhas próprias mãos e preparar o solo. Afinal, após as chuvas, a terra se alimenta, se desmancha. Sendo mais propício para o plantio.
Exala em toda a parte do quarto uma continuidade de perfumes amadeirados e feminis, inspiro ar fresco a hortelã que a pele dele liberava após o banho. É o convite da Vida, onde os cuidados com as pétalas fará amenizar as dores, pincelar com destreza os raios de Sol e essa Flor que se multiplica em meu peito.

(Fernanda F. Fraga)
PS. Imagens do Google, sem site específico.