“Eu amo tanto de um amor tão duro, que a praga do amor só me guerreira.
O amor é soco que arrebenta muro,
O amor é faca que desata veia”.
(“amor 5” , Romério Rômulo Campos Valadares)
Já se vê nas lojas, nos shoppings os coraçõezinhos nas vitrines, a cor vermelha predominando: a paixão. Dias dos namorados se aproximando. É um o cordel encantado: de versos, rimas, bilhetinhos, flores e rosas. Os casais já se aglomerando nas praças, nos cinemas e por aí vai. Mil e uma coisas a se pensar: em laços de fita e papéis de presente. Vai se abrindo um encontro de almas afins, em menos de 15 dias, o requinte: o amor. Mas o que me fez pautar esse assunto é qual será o real motivo de tantos encontros e desencontros? Às vésperas desse dia, me deparei com tantas situações, términos de namoro, amigos em situações que não mereceriam está vivendo.
Sabe, lendo esse trecho do poema aí acima, eu pude sentir um “soco”, um corte silente, uma dor tremenda. Me senti quebrada a mil pedaços. Como se eu tivesse sido pega no susto, perdendo o ar. Tantas coincidências nessa estrofe, o autor... Etc., por quê? Eu sei. E não vou mencionar o porquê disso. E de todas as formas o Amor dá uma rasteira na gente, pode ser uma dor de uma distância, de um amor traído, amor platônico, ou próprio do amor-amor. E o mais trágico é que quando esse “golpe” bate em nossa porta, a primeira coisa que fazemos é recolher-se, fechar as janelas, as cortinas e não querer vê se quer o sol, a luz dele entrar no lado de dentro da gente.
Talvez seja um recurso que usamos e enclausuramos o amor. E eu tenho um pouco de um amor enclausurado, rs. Não há como ver, descobri, mas hoje em dia é tão complicado manter um relacionamento, ou menos encontrar alguém em especial, aquela pessoa que te fará ouvir os sinos tocarem, ou as tais borboletas no estômago. A gente se protege desses sinais que vida dá, por medo, insegurança e tantas outras coisas que nos deixa mais desconfiados. E fechamos a porta.
Posso dizer que já passei por muita coisa nessa vida, de todo o tipo, já senti essa dor aí descrita tão bem pelo poeta, já amei assim. Já vi a textura tênue desses amores: da pedra bruta, do linho, a pura seda. Já tive meu coração partido inúmeras vezes, sagrando e ficou assim por muito tempo, hoje só tem uma marquinha, uma leve cicatriz. Não tive dia dos namorados. E aproveito para deixar um recado para vocês menina(o)s: - Não se humilhem a amor nenhum, principalmente quando outro, não está nem aí pra você. Ilumine as fendas do seu coração, para qualquer rasteira que vier a ter (mesmo na dor), você terá a luz do Alto te inaugurando a verdadeira primavera.
E eu posso até ser “piegas”, e mesmo que seja um clichê digo-lhe que creio ser uma menina de coração bom, legal, inteligente, batalhadora. Às vezes neurótica... E não mais e não menos vou usar o linguajar do nosso bom mineiro: parece que o trem não vinga gente... É um aperto grande, parece que as pessoas mofaram os sentimentos. Por mais que nosso coração, nossa alma peça, anseie, deseje. E elabore gigantescos históricos para nos avançar ao outro. O que tecelã a alma não define a cor da linha. Parece que ter um bom coração, ser carinhosa, ser batalhadora, ter bom papo, cuidar-se e deixar ser cuidado, se transformou em um “defeito”. Parece uma chuva dificílima de tocar a aridez desse sertão mineiro da nossa alma, sabe? Sem defesas, de um beijo esculpido nos ventos do norte. Penso que em meio a nossas imperfeições e esquisitices, o fato de ligar para alguém que estamos perdidamente, incondicionalmente apaixonadas*, dá o entender que estamos pegando no pé, e se não ligamos, parece que não temos interesse nenhum, ou não queremos ser inconvenientes. Queria poder entender esse raio que parte os corações humanos, parece que há uma cortina, um véu, uma pele para ser desfiada, até se adentrar no que o outro é.
Mas qual seria o melhor presente, quem ousaria desembrulhar o outro?
(Fernanda F. Fraga)
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