Debruçou os olhos nos meus
Num arabesco indivísivel de nós dois
De nuvens, horizontes e mais nada
Mas ouvia-se conchas sonoras,
Sentia-se a seda destilhada, do puro orvalho e seus sentidos.
Um nácar, desejoso para ouvir e para ser.
Ouvia-se réstias, estivais alargando as íris;
fervores no peito repercutiam
Eram amanheceres, solares;
Insuflações diafragmáticas.
Um silêncio desbravara todos os meus poros, o mar – Amor.
Principiara – repousar sob a brisa
E desfolhara a flor.
Por isso, soltei o vergel dos meus beijos nos teus cílios
Para trazer pra perto.
Como quem concede sabores:
- Tua lira em algodão-doce
E se derretiam em nossas bocas.
Por mãos sem improviso;
Por versos a desembrulhar as memórias da minh´alma.
Desdobrara: - O sol de meio-dia;
Hora que não é meia e nem se repartira
E tudo, tudo o que pressinto transborda
Para clarear os olhos, para aconchegar;
Devorar-se-ia, se soubéssemos, de tudo que nos vem em Prece.
Em algum trecho, um papel embrulhado, um aceno
Agora pois...
Deponho-te sob a plácida Estrela
Enquanto a lua desponta o Mar.
Enquanto o que há em mim perdura no clarão dos círios
Enquanto a saudade infinda
Enquanto o manto que nos cobriu é volúvel
Um eco com vãos;
Que o tempo transmuta
Diante de uma cascata poética entre meus braços
Sob tua fuga e o meu caminhar
A sorvir nos lábios, nas dunas
Do Mar e de mim.
(Fernanda Fraga)