quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Teus passos...

Deixa-me ouvir estes versos
Tecidos entre os regados dos pés de maracujá
A vazar-se nos candelabros
Nos feixes murmurantes, dos teus olhos de infinito.
Por sob a maresia que perdura o teu espaço,
E silencia em todo o vão,
E descarrilam-me arraigados
Para habitar-se no oceano e nas persianas do céu.
E inevitavelmente transitam
entre as conchas de tuas demoras
Tuas horas vislumbrando o tempo.
Uma saudade sem ter cais,
Um barco sem o teu porto.
Essa exatidão onde verso falta tua.
Essência que desafogou os medos
Fragrância a se deslizar na pele das minhas mãos
Enquanto cultivo rimas para os teus dias.
Ponte tecelã a desenhar,
a geografia dos teus passos.

(Fernanda Fraga)


Imagem: Beatriz Martin Vidal.   

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Transbordamento...

Claves de girassóis e samambaias timbram as cortinas.
Sabiás transbordam-me em suas flautas transversais,
O azul risca a quilha da água. Teu nome na moldura da nota,
Teu verbo perfumando as palavras
Dedilha na cítara os sons de tua boca,
Meu verso te sobre(voa).

(Fernanda Fraga)

Foto de Marcelo Cazani: Flickr

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Anunciação...

Assustei a pouco por sob o som rebuscado de tua anunciação
A milagrar fortemente entre os lençóis
Num campo flórido dos oboés
Que prenunciam os teus versos
Éfebos de avidez,
Amplidões em cenários, de araras e jacarandás.
Aragens em degradês flamejam,
Sereneiam os pés, os meus,
Nossos passo - a - passo
Descansais noutro Sol – comigo
Tuas mãos me atravessam o b l í q u a s
Em praia desabitada
Enquanto te espero, reescrevo,
Ali, sob os raios,
[de estrelas, sumidouros e bem-te-vis]
Os lábios se umedecem atravessados ao vento
De um ar leve,
Do vasto algodão,
Ruía macio, entre a pausa sonora.
Para além de tuas cordas vocais
Embebidas de tuas margens
Que também me anunciam.

(Fernanda Fraga)


*Imagem do Google, site específico não encontrado.