“Coragem, às vezes, é desapego. É parar de se esticar, em vão, para trazer a linha de volta. (...) É aceitar doer inteiro até florir de novo”(Caio. Fernando Abreu)
O sol vai se pondo mais cedo nessas últimas semanas de Março. Aquele calor vem dando espaço aos dias mais chuvosos, garoinhas, só para esfriar. É o intimismo do Outono. Ele chegou. Tomou espaços com seus extremos e seus ares de um novo dia. E nessas andanças, toma-se como rito: a queda das folhas em solo Encantado. As cores das paisagens são vistas em tons mais pastéis, do vermelho ao amarelado. Deixei-me desabrochar assim em ar convidativo, mas era uma urgência que me letrava, que me pautava, e me beijava em rimas, em prosas e desafiava-me a abrir as cortinas e lançar fora toda a poeira de dor que insistia em permanecer por ali, mofando. E não abri mão. Deixei-me ir. Por vezes percebo que essa estação é uma alavanca em minha vida. Digamos que uma válvula de escape. Porque tem coisas minha gente que é preciso retirar, arrancar do peito se for preciso. E mesmo que o Outono seja uma etapa de perdas. Sei que o “arrancar” do peito também é uma “perda”, é uma entrega: é libertar-se. É arejar, tirar as névoas, afastar os móveis e ir bordando noutros lençóis, noutras telas, noutros jardins. Minh´alma se iguala. E é dedilhada pelas notas dessa estação, como um ar fresco exalado dos lábios de Deus. Talvez, necessitamos que as coisas tomem seu curso, deixem ir. Sabe-se lá, também, que as folhas das árvores são assim, elas precisam cair, secar, para reviverem na estação recém-chegada. Por ventura se essa “gestação” não fosse cumprida, as folhas se alto abortariam antes de recém-nascerem e morreriam sufocadas, pisoteadas. E ele chegou bonito, escancarando adentro, rompendo em meu coração toda dor e lágrima que me oprimia. Por hora, decidi desprender de certas pessoas, coisas e recolhi os meus sonhos, minhas pétalas. Porque sei que há de ter um sopro, um suspiro, que pode até doer, mas me fará tecer por um fio; a mesma flor que Ele trouxe pra mais perto.
(Por Fernanda F.Fraga)
Essa música de Rihanna - "Take a Bow" diz muito do momento:
PS.: Só pra retificar rapidinho aqui meus queridos, esse texto é só uma simbolização de algo/alguém que eu precisava finalizar em minha vida há algum tempo, já não dava mais. E aqui é só mesmo uma forma de pontuar, virar a página.
Na frescura espessa em meus cabelos, De lírios encantados, Ponho-me a tecer pensamentos seus. A romper nos olhos o escancarar da alma. Pra corroer, extirpar, esvanecer. Poupo somente o que é controverso do meu Querer.
Despedaço-me na certeza que ele foi Que foi o Amor que rompeu cílios d´olhos vívidos. Uma demora flamejante, de cicatriz exposta. Sei lá, se é um engano ou desengano dizer. Porque sobra tanta coisa Abriga, mas fere.
Talvez... Uma minúscula forma de aproximar nossos olhos. Só porque esse Amor virou silêncio. Sei que agora sou só: Solitudine. Uma completude de mim. Me encontro assim, em muitas esperas E recolhidas sem fim.
Agora sou aquele grito que cravei De sentimentos em libertas-lágrimas Diminutas gotas dos Céus Em terra molhada.
Eram meus quereres, Nossas urgências ou as minhas só. Outonos não consumados Que naveguei de corpo inteiro.