Eis o meu gosto crucial pela subjetividade. Articulação
milagrosa, nascida venturosa, aplacada de amanheceres. Eis que me encontro
nesse ofício de detalhar os timbres, sinergismo de cores. Imanente encanto de
perfumes, quando o Mar me ler. Pouso algumas distâncias pra entrecortar nossos
suspiros. Antagonistas de frases soltas pra se esvoaçar no vento. Aquele cinza
dissolvido, grudado nas íris de quem nunca sentiu aquela vírgula do seu beijo
demorando um pouco mais. Quem nunca sentiu aquele ranço de ausências que se
disseminam nas manhãs de domingo como súplica, Prece minha.
Desensaio uma saudade, porque não sei mais o que fazer com
esse hiato, o ponto final, porque você foi mas dentro de mim não consigo te
deixar ir. Essa cor estridente esmaecida das folhas no chão, porque te sinto.
Riacho a bater suas asas na quietude desses silêncios, agravados de um aroma
cromático. Na tela víride das nuvens dos meus amanhãs flavescentes.
Às vezes demoro, às vezes a Palavra ganha rascunhos
impossíveis de se ler, unidades eternas que habitam ainda somente em meus olhos.
Enquanto justifico apenas seu gosto antecipado, antes de ir, antes de alcançar
teus lábios. Meu olfato te descreve. Aromatizo sofrências pra pesar menos,
perdoar mais. Possíveis dimensões que desmontam entregas e aplainam tuas
retinas com as minhas. Só pra soletrar o sabor da palavra dita, quando chegar
em sua boca. E que verbo fiz, desabitei pra caber e compor suas chegadas.
Sopro aquarelas que se descobrem também nas fragrâncias das
Luas quando tocam suas mãos. Degustações dos nossos nomes, vocabulários de
cetins na pele, urgências que sempre nos endereçarão. Enquanto acordas, repouso
o pincel de tinta na primeira nuvem, para namorar as vogais do Sol. Espalhar
nos pulsos o seu cheiro e reergueres na maciez
que te convido, pra se saber - confissão. Uma morada onde aquele azul do
lençol anuncia ser a Palavra que veste, inunda, se sabe grande; d e m o r a d a.
Cultivo voos e imensidões reais, entre suspiros e mergulhos.
Estiagens de chuvas embebidas no cravo e hortelã a colorir o dorso da nuca e o
frescor dos poros. Florescidos todas às
vezes que os acordes de Bach saltam da Partitura e me ganham. A fazer desenhos
no ar, redondilhas de lembranças de sua voz doce. Eis que minh´alma em
sobressalto emudece, liquefaz, enquanto continuo. Eis que pressinto suas
sílabas sonorizadas em meu sorriso. Nas horas onde a maresia daquele milagre te
revista, te acontece.
(Fernanda
Fraga, Minas Gerais, 29 de julho de
2013)
.::”E a palavra, em
especial, tem esse poder extraordinário de dividir em dois o pão que não basta
para um”. (Mariana Ianelli)
*Imagem do Google, site específico não encontrado.
*Imagem do Google, site específico não encontrado.
2 comentários:
Também prefiro o que é subjetivo. Objetividade em demasia cansa.
Abraços
"[...] Desensaio uma saudade, porque não sei mais o que fazer com esse hiato, o ponto final, porque você foi mas dentro de mim não consigo te deixar ir."
Fêfê, o texto é lindo, sensível, como tudo que você escreve, mas eu achei esse trecho tão meu, tão "feito pra mim".
Estou encantado.
Um beijo!!!
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