Ele ergueu as mãos, do Seu verbo fizeram-se as esferas e Estrelas
salpicadas no Céu, Tua semente parábolas nas montanhas. Do barro rimadas
auroras sobre o papel. Asas aos Cânticos, Ciência e Palavra. Eis que, a
primeira Poesia que nasce, é a de Deus. São as palavras confessionário em que o poeta colore os cinzas dos dias e dá voz aos teus próprios silêncios. A Poesia
é a ponte, travessia para alcançarmos caminhos, mesmo que nem eu saiba onde. Apenas
me faço instrumento para anunciar e aplainar meus próprios trajetos. As sílabas,
vogais para redenções das minhas luzes e trevas. E aos outros me são os seus
encontros, feitos de úteros, partos, línguas, beijos e infâncias.
Versos que assopro para irem, onde tiverem de ir. Ainda que os
horizontes estejam em lugares outros. Ainda que as janelas sejam apenas aquela
diminuta marquise de nossos interiores mundos. Ainda que distância regressou-se
do cais. Ainda que de promessas nos rompeu os amores. Ainda que de amores se
fez o Eterno. Ainda assim a imensidão de nós nos é afinada a essa potência, chamada
Poesia e habitada de nascimentos.
(Fernanda Fraga, 11 de
fevereiro de 2014)
*Em homenagem ao dia 14 de março, dia nacional da Poesia.
Imagem: Efi Kokkinaki
2 comentários:
"A Poesia é a ponte, travessia para alcançarmos caminhos, mesmo que nem eu saiba onde."
Gostei deveras desse sentir que, por mais longe que almeje, não dispensa uma questão fundamental: a humildade.
Um bom final de semana!
A poesia é o encontro, onde rebentam as mais ternas doçuras, onde a alma se deleita e se encontra, residente de si, num eterno amontoar de rompantes amorosas. É uma delícia que se navega em si, que abrolha dentro de nós, como salvadoras dos encantos. O sentir voa livre até um enlace. Poesia é imensidão que se perdeu no infinito de nossos finitos olhares.
Lindo Fê!!
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