quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Atemporal...


[...] Eu fico me doendo de saudades quando sua chegada demora. Me pego revirando as fotos dos dias perfeitos, relendo meus cadernos recheados de frases de amor, remoendo a angústia dessa hora que não se compadece de mim e corta meu peito segundo após segundo, anunciando que você não está, que sua vinda ainda se adia. Eu me encho de esperança quando sinto que você está vindo. Tudo me diz que você chega logo, os ventos sussurram seus passos, as flores apontam os caminhos que trazem você pros meus braços.
Tudo me conta de você, tudo me apreende, toda canção tem um Querer nosso. Tudo se desdobra a nossa frente, nas beiradas e sem esforço como se a brisa nos trouxesse o perfume pra enfeitar ainda mais os versos, inaugurando dentro de nós tantos jardins, tantas cores, querendo um ao outro se contemplar. E sempre que a gente se guarda -  se aguarda, nesse acesso ilimitado de nos apercebermos nesses detalhes; nos escolhermos, por um bem maior. O Amor fica tão leve, encaixa os passos, inspira Gratidão.
E mesmo que os espinhos e todos os desvios existirão. Mesmo que muitas águas formarão Ilhas em nossos pensamentos, eu te acolho, floreio, como uma forma de me ater pra ouvir melhor o ressoar das letras e os raios de Sol, que sei, são como um riso manso que Deus lança em nossos cílios, enquanto eles fotografam o Amor, enquanto ninguém nos vê.
E eu me desespero quando tenho você, porque o que eu sinto é tão intenso e transborda tanto que tenho medo de te sufocar, de te assustar com o meu exagero que não economiza sentimentos, que não sabe amar em pequenas doses. Não me caibo e impregna em mim aquela palavra que a gente ganha de(morando), um dentro do outro.
(Fernanda Fraga & Wendel Valadares)