segunda-feira, 25 de junho de 2012

Dedos das Mãos...


Nunca te chamei de Pedro,
Mas poetizei com sílabas doces
A afinação das notas por onde fostes.
Então, orquestrei o medo.

E assim fui...
Regendo teu nome nos dedos das mãos
Contemplei teus olhos, por todos os versos
Gritei! Mas veio Mateus e João!

E assim vou...
Por sobre a chuva, Rafael me leva.
Passeio com ele e contemplamos o sol.
É certa minha vinda, e aqui estou.

Nunca te chamei de Paulo.
Mas decerto teu nome deságua ao vento
E simplificas a sinfonia e a este sentimento

E assim fui...
Dissipando flechas num único olhar
Abracei teu mundo, colhi tuas frutas
Das acácias, veio Bruno e Lucas.

E assim vou...
Com meu navio, Gabriel veleja
Guiando amores nos lençóis de areia
Disse-me: Até breve, pois o anjo voou!

Nunca o chamei: de nome algum
Mas ocultei de certas letras
A este marasmo que o separa e o trás.

E assim, orquestro teu mundo.
                                                       Buscando por tão-somente um sorriso teu.
Afino por entre os dedos
A mais bela nota: Romeu!

(Fernanda Fraga, 18 de Fevereiro de 2004)




quinta-feira, 7 de junho de 2012

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Conchas Sonoras...


Debruçou os olhos nos meus
Num arabesco indivísivel de nós dois
De nuvens, horizontes e mais nada
Mas ouvia-se conchas sonoras,
Sentia-se a seda destilhada, do puro orvalho e seus sentidos.
Um nácar, desejoso para ouvir e para ser.
Ouvia-se réstias, estivais alargando as íris;
fervores no peito repercutiam
Eram amanheceres, solares;
Insuflações diafragmáticas.
Um silêncio desbravara todos os meus poros, o mar – Amor.
Principiara –  repousar sob a brisa
E desfolhara a flor.
Por isso, soltei o vergel dos meus beijos nos teus cílios
Para trazer pra perto.
Como quem concede sabores:
- Tua lira em algodão-doce
E se derretiam em nossas bocas.
Por mãos sem improviso;
Por versos a desembrulhar as memórias da minh´alma.
Desdobrara: - O sol de meio-dia;
Hora que não é meia e nem se repartira
E tudo, tudo o que pressinto transborda
Para clarear os olhos, para aconchegar;
Devorar-se-ia, se soubéssemos, de tudo que nos vem em Prece.
Em algum trecho, um papel embrulhado, um aceno
Agora pois...
Deponho-te sob a plácida Estrela
Enquanto a lua desponta o Mar.
Enquanto o que há em mim perdura no clarão dos círios
Enquanto a saudade infinda
Enquanto o manto que nos cobriu é volúvel
Um eco com vãos;
Que o tempo transmuta
Diante de uma cascata poética entre meus braços
Sob tua fuga e o meu caminhar
A sorvir nos lábios, nas dunas
Do Mar e de mim.

(Fernanda Fraga)

quinta-feira, 3 de maio de 2012

terça-feira, 1 de maio de 2012

À margem sacramental...


Da ventura dúbia findou-se algum pranto
Driblou o oceano dos aléns de ti.
Anéis, diversos, soltos nos embaraços das mãos.
Desmedido o desenho das linhas, dos lábios
Tão macios e adocicados se fizeram compassos
Em próprio deleite - não despedida.

Por destrás das nuvens, no chão, suas cores movem-se a mim.
Projeto-me, na medida, que a distância já se faz contida;
Mas não ao Adeus descrida
Em um breve traço saudo a ti.
Lira-cântaros, arco-íris, desprega ao Céu jardins.                               

Sob o verso que se inclina
Atravesso, ousada aos teus olhos pelo Mar alvedrio
Aplacou-se, a um solitário navio
Onde está o seus rastros?
Por onde andas?
- Nas Brumas, dunas, de Ilhas-espumas de igual mistério
Desdobrado em meus ouvidos, íris-submersas, sede assim – papel embebido
Viração, revolto, tintas e pincéis mar(fins)
Reconduza a iluminária dos Ilhéus e bandolins - apaixonados;  
Pelo fulgor e seus artifícios

Será que deseja-me? – Desejas essa alma hermética?
Esse corpo, essas curvas e suas cadências barrocas?
Pele fina, sedosa; arcabouço esbelto, por ti virginal
Há um grito meu na praia deserta,                    
Nessa nota acústica que cintila meus olhos e a lua.
Branqueia, colore, rodopia; bebe e resseca-me à margem sacramental
É um oásis tão meu – vê-lo assim  A-m-o-r-de-perto; assim longe, longe...
O orvalho resvala, gesta violetas diante de ti.
Tão cedo os lábios se amaram
Vibraram-se n´alma
Que pernoita à espera de ser um dia
Os sonhos seus.

(Fernanda Fraga, Montes Claros- MG, Outubro de 2011)



OBS: Imagens do Google sem site específico.

PS.: Esse poema ou qualquer coisa parecida, há tempos me olhava, mas acabou se perdendo e se encondendo entre os outros, faltando coragem para postá-lo aqui; e hoje lendo tanta coisa, ele novamente veio à tona e resolvi postá-lo é antigo, mas atual.


sábado, 28 de abril de 2012

Coube o seu canto...


O pássaro de longe enamora-a
Acompanha alegre seu caminhar
Segrega nos galhos o sorver de uma prosa
E, em voos rasos, canta um verso infindo
Desejoso em seu rito, oferece àquela menina
E seu espetáculo lhe é trilhado
No crepitar das folhas Salmotizadas
Seu gênese então é entoado.
Ela acompanha risonha a cantoria.
Enquanto as Framboesas caem em suas mãos
Seu ofício já lhe é legitimado.
E coube o seu canto, afastar tempestades
Para ele poder ser sua companhia.

(Fernanda Fraga)

PS.: Imagens do Google.

sábado, 21 de abril de 2012

Sou-me em ti...

Teu sorriso tem a largura e o brilho do sol a nascer, escancaradamente ao pé da serra. E eu vivia amanhecendo; o dia era sua chamada despretensiosa, digamos assim. Lá, bem no início, de quando sentíamos uma vontade incontrolável de se ter um no outro, noutros ritmos, numa frequência que nós nos sabíamos. Mas, eis que tudo não mais se retrocede, não engata. Os olhos se olham, e as mãos as minhas; tentam tecer-te para perto, bem cá. Só que há agora um ponto de interrogação...
Eu não entendo seu sumiço, seu desinteresse, seu medo. Não entendo o que te basta, eu não entendo o porque; enquanto tudo era troca, novidade agora não passa de algo comum? Sem nuvens, sem o céu? E enquanto sua ausência cresce junto as horas a me fazer lembrar de suas pétalas inócuas, e do seu vão deixado pelas portas dos fundos. Me ponho a pensar, a labutar, numa presença (a sua), sem nunca mais se fazer chegar-perto. Do jeito que era.
Moça, há bastidores da vida que você mergulha, eu me encontro. Em que ser platéia vez em quando, é a lágrima e o riso que você escolhe assistir de longe. E acaba vendo o Amor da sua vida passar a sua frente. Ele vai embora nessas entrelinhas, sem nenhuma tentativa sua, mas eu não.
Moça, guardei a Poesia que se repartia em flor nos outros dias e me entendia que o Amor com letra maiúscula intuia a Vida, seu tamanho, sua verdade, para ser traduzido e vivido pacientemente; só com genuíno Amor. Entende? E assim, meio desleixado, inconstante, um típico romântico que se desmoronava e se deliciava em teus abraços e falava a mesma linguagem tua. E enxerguei Você, quieta, toda assim destemida; queria multiplicar nossos instantes, para colorir nossos rostos com as tintas daquele lápis-de-cor da infância. Cujas cores nos tornaram a própria Aquarela pra simplificar a vazão e o viço que tua Alma principiava, diante de um papel colorido chamado face. Onde os nuances foi você quem coloriu, sua boca foi o verbo mais bem pincelado que beijei nas palavras, aqui do lado, à sua espera. Fui-me tornando verbo definitivo, um céu estrelado onde as lembranças e o carinho se enamoram dia após dia. Admiro-te menina, sua Poesia tramita num roteiro sem regras, feito o esvoaçar de seus cabelos, na continuidade de um rio manso e de um Arkhipelago infinito. Florescia em nós todos as noites a beleza insondável das confissões de Amor, das canções, de um Querer que sempre achava ter: depois e depois e depois.
E concluia que a reciprocidade poderia se findar se você quisesse; porque eu desejava o sim em nosso Amor, esse mesmo cujo gosto ainda os carrego em minhas mãos, guardados com o frescor das amoras que se colhe ao pé. Ainda que nas suas mãos delicadas pode agora se encontrar entre o seio e um silêncio preso, desse seu medo e afastamento gradual.
A insinuar que a palavra (a sua) mora ainda em mim, mas você com ela; se abriga em outros cantos, em outros abraços-lábios-beijos-seus. E vez em quando já não amanheço e tento reconstruir sua ventura, e povoar alguma resposta, algum sinal seu. E sua Aquarela me chama, pois sou-me em ti.
 (Fernanda Fraga)

PS.: Imagens do Google sem site específico.