quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Texturas


Um dia que não volta
A hora descolore a tarde,
rasga o céu,
os fios do Sol
Rouba-lhe os laços;
Minam bem-querer,
Sob as linhas de suas palmas;
Fica a textura do carinho,
A mágica, o poético.
A digital presente: 
São almas
Suaves;
São almas
macias.

(Fernanda Fraga)
Créditos foto: Diggie Vitt

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Travessias

Qual afeto nos aplaca?
Qual delicadeza nos aproxima?
O que emerge em nós,
nos dilacera.

A parte que nos atravessa
tem a permissão de ser voo
Dimensão de ser pertença
Ainda que não nos seja.

Eis o dia a findar as horas
Eis as Estrelas a deslizarem aos olhos
O impacto semipresente
O silêncio, delicado silêncio
bordado nas mãos dadas
No aperto entre duas essências.

A pousarem sonoras, 
sob a luz que não vemos
e percorrem o tempo;
sem saber como se lhe guardassem
a própria casa.
A página que se abriria aos meus olhos:
Mora em mim?!

(Fernanda Fraga)


Imagem: © Diggie Vitt

sábado, 7 de novembro de 2015

O irremediável


Esse que nos abre,
trespassa suturas,
cortes, pontos, linhas;
um bisturi desenhando-nos
O passo, o caminhar.

Esse inadiável estar e não-estar
Poupar e deixar-se vulnerável 
A irremediável dosagem redentora.

(Fernanda Fraga, novembro de 2015)


quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Pétala Solar


O verso escrito,
Tem no risco os teus reinos;
Toda beleza pinçada.

São pássaros distraídos
A tomarem formas
percorrem primaveras
Lugar de aderências
     s u a v e s
       falhas,
      declives,
       vãos;
Um rosto pintado à mão
A despedaçar imperfeito
      ao feito
        que envasa
aos possíveis e silenciosos reflexos
que douram a infinitude.
Longe e incerta
Úmida de nós.

Por isso custa-nos ser
      p r o m e s s a
Custa-nos ser herdeiros do próprio jardim
Espetáculo a aliviar dos enganos
Pétala solar que deambule milagres
Uma dimensão mágica
A se fazer colorida,
hábil de sabores
das esquinas que não nos
e(namoram).

Sob alquimia desses imaginários
O papel desdobra-nos
Aquém de aguçadas singelezas
Carecem de coleções
que celebrem-nos
De aragens dignas aos teus pés.
As letras, elas próprias
Habitam os teus frutos.

(Fernanda Fraga)


*Imagem desconheço autoria.

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Dissolver...

"Escrever concede aos poetas talvez o poder de transformar, dissolver os amargos, as revoltas em voos suaves; em pássaros libertos.
Bem-aventurado se todo poeta desenhassem asas em meio as arrogâncias sofridas, ao tapa na cara. Que calçassem nos pés flores, para exorcizar essas possíveis feridas. Ser arco-íris onde se veem cinzas. Para ser ponte, a bendição de sua própria Poesia. 
Que assim seja!". 

(Fernanda Fraga, Minas Gerais, 2 de outubro de 2015)

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

A Lua em rubra cor



*Dedicada inspiração ao Eclipse da Lua.

Ela com seus olhos de pincéis alvos
Delicadamente me acompanha;
És robusta, tens trajes belos
Que servem de laços
Pra enfeitarem as pontas das Estrelas.

Teus contornos se rendem
às fissuras da Terra e do Sol.
Ela se orna aos meus olhos
Se exibe
toda e inteira
se despe...
             E a Terra gira,
                     gira,
               gira,
                   gira,
                      gira,
            
desliza,
e

r
  o
     m
         p
            e
magistralmente
com rubra cor;
Colorem os teus lábios,
Todo teu corpo é perfumado
Marejo os olhos...
A Lua se cobriu de Amor.

(Fernanda Fraga, Minas Gerais, 27 de Setembro de 2015)           
            

sábado, 12 de setembro de 2015

Sobre desistências...


Deito teu silêncio...
Que é onde sei das muitas margens
E qualquer coisa finita,
Singular – una – plural;
Confere-nos arrebatada percepção
Que corroeu-nos tanto;
Ardem-me essas intensidades todas
Essa tua sutil angulação
O feitio frágil dessas escolhas
Esse ter que buscar-te sempre pela mão
Quantos foram os nossos erros?

Quão diminuto tornou-se?
o arcabouço, rio – raiz,
O lume, a flor;
O olhar, o pássaro,
O oceano nos olhos;
O amor, as asas,
a alforria?

Choca-me tua inevitável partícula
A se desfazer bem-querer
Dos teus reais lugares.

Às vezes resistimos a somar melodias;
Ao tom do outro, a voz anunciada
Relutei: Não, ele não era o meu moço!
Vibrava uma ciranda, ainda que sempre – longe;
Era teu, ele só não sabia disso.

(Fernanda Fraga)