terça-feira, 30 de agosto de 2011

Como pode, menina, me diz?


"Como pode, menina, me diz? Como você ainda acredita nessas coisas? No quê? Você sabe: nas pessoas, no amor, num amanhã melhor do que o hoje. Te vejo suspirando pelos cantos, traçando planos mirabolantes, jogando palavras ao vento, e me pergunto como você consegue, de onde você tira tanta determinação? Deve ser algum tipo de predestinação, alguém um dia decidiu que você carregaria esse peso sobre os ombros: ser uma sonhadora. E você se apoderou do título. Teu sonho conduz tua vida, direciona teus passos, molda teu caminho. E você não desiste até alcançá-lo. Não cansa não? Acreditar na vida assim, procurar tanto por um amor, quando o mundo lá fora grita que não há mais espaço para finais felizes, muito menos para "felizes para sempre"? Onde já se viu sonhar com amores eternos num mundo tão fugaz? Contos de fadas não existem mais, menina. Todas essas loucuras com que você sonha, as cenas de filme, os pores de sol, as declarações inesperadas, o amor maior do que tudo, tudo isso talvez seja coisa de outro mundo. Me perturba vê-la aqui parada nessa estação à espera do trem que te levará a esse outro mundo. E se ele não mais existir? E se uma onda gigante destruiu o que restara dele? E se todas as pontes que permitiam o acesso foram destruídas? E se? Existem tantos outros trens com tantos outros destinos diferentes, por que insistir nesse destino desconhecido? E se não chegar nunca? Eu sei, você vai dizer que não desiste até chegar lá. Mas em algum momento a espera deve machucar, não? Como naquela vez em que fostes arremessada de forma abrupta do trem que te levaria até lá. Te observei em silêncio, menina, e dessa vez achei que fosse o fim, que você não voltaria jamais a esse ponto de espera que poderia te levar novamente àquela dor incessante que sentias. Mas você voltou. Rasgou pedaços de papel, chorou, sumiu daqui por uns dias, se trancou em seu mundo, mas voltou. Quando eu menos esperei, te vi sorrir ao sentar em frente à plataforma. Lá estava você: cabeça erguida, malas prontas para começar tudo de novo. Esse amor pela vida exposto em cada poro do teu rosto. Você ressurgiu com esperança. De onde sai tudo isso, menina? Que chama de esperança é essa que não apaga nem com as chuvas e rajadas de vento que a vida lança sobre ti? E essas lágrimas que vez ou outra caem? Não te ensinam nada? Não te dão uma lição? Não, a resposta provavelmente é essa ou então algum daqueles clichês de gente lunática que falam sobre volta por cima e lágrimas serem parte da vida. Lembro daquele dia em que te vi chorar e você sorriu em meio às lágrimas quando me viu e disse baixinho: "Eu ainda acredito." Esse deve ser o teu grito de guerra, menina. Suspeito que no meio da tua angústia, você levanta e brada que ainda acredita. Admiro você. Admiro a sua coragem e sua entrega. Mas me diz, menina, mesmo assistindo de perto a todas essas chegadas e partidas dolorosas, você ainda acredita? Eu acredito até o fim."
(Nicole F.)



(...)
"Bela menina
Dance a vida, bela menina!
Tudo o que vier a ser.

E lá, ela vai, sem medo!
Com sua sapatilha de ponta
Que na arte ela desponta

A seguir o dedilhar, os arpejos do piano
Alegre, andante
Nos palcos da vida." 
(Fernanda Fraga)

PS.: Eu precisava muito postar esse texto que encontrei na internet aqui no blog, não sei se a autora realmente é essa, mas caso não seja por favor me avisem que menciono os créditos. Esse texto é muito eu, exatametne assim, entregue. Emocionante, lágrimas de muitas, todas.


domingo, 28 de agosto de 2011

(...)Eu quero o hoje...


Essa ressonância que interliga os dias, as horas, as nossas. São compassos marcados por suas pulsações. Sem demora, sem alarde. Durações do mesmo passo. Poros em desassossego que salmodizem suas medidas.
Despenca pura, seu gosto, sua chuva. Água corrente que me faz bem, arde-desfola sempre viva.
De um jeito que chega e carrega no colo sua fluidez, sem pedir licença. Seria arrebatada por tudo, pelo que sou e pelo o que um dia fui. Mas não temo a nada, por ser sereno seu pulsar. És feito de algodão-doce e calda de chocolate, e na surdina faz-me provar-te calmamente nas pontinhas dos meus dedos todos. Mas apenas molha meus lábios sequiosos, que quer encontrar o céu de sua boca na minh´alma. E a contar as estrelas sem medo de nascerem bolhinhas nos dedos. Provar-te-ei desprevenido.
Bordo uma vastidão de jardins e desenho no espelho de sua alma, qualquer estrofe, qualquer início, qualquer encontro. Rasgo, estadalhaço quaisquer verbos do amanhã ou depois.
Você aguça os meus sentidos, e eu quero o hoje; no seu tempo, na sua chegada.

(Fernanda Fraga)

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Pra não doer...


Complicado e estranho demais não saber. Não saber onde estão fitados seus olhos, onde estão entrelaçados seus abraços. Qual acorde modula aquela frequência eu-você: nós. E onde ainda aquieta seu corpo, seus suspiros. Gotas de suor exaladas na pele, nos poros na sua alma-em-mim. Arquiteto sonhos e futuros e me alimento, em silêncio, desse instante de um tão perene e ligeiro sim.
Complicado e estranho demais não entender. Não entender em que parte dos teus olhos estão os meus horizontes, onde estão suas esperas. Qual tempo pousa aquela tua presença no meu agora, aquela frequência eu-você: o mundo. Penduro esse laço de poesia nos dedos enquanto andamos com pequenos passos de encontro, enquanto o apesar não pesa tanto, enquanto o minuto perdura doce.
E penso, quando eu – quem sabe? – estiver pronta e atenta. Quando o coração decifrar a distância que existe entre a coragem e a ausência, o nosso perto estará enfim junto e dentro? Por conta disso ando pisando em plumas no ar, desviando minha atenção em outras coisas, pra não ficar pensando, pra não sofrer por antecipação, pra não doer.

Mas o dia sempre termina nele.

(Fernanda Fraga &
Priscila Rôde)
 


domingo, 21 de agosto de 2011

(...)Só o Amor fez Deus em você.


Ela encontra-se absorta e envolvida nas letras de seus nomes. Nesse chão de outonos, invernos que o horizonte desponta no alpendre de sua casa. Você fez-me coração perfumado e seria ela uma flor-de-lótus, fênix liberto, refrigério solto nos cílios seus.
Talvez fosse uma trilogia que a noite derrama e pede: clame ao Sol o seu esperar, o piscar dos olhos. Um intento seu que só lhe cabe agora ou depois. Disposta estaria, acordar – renascer, despertar você aqui do meu lado, com mimos ao pé do ouvido. Repetia ela aqueles refrões, sustenidos que em seu tempo eram inaudíveis, mas transcritos nas partituras ainda em branco. Por hora compassadas pelos silêncios nossos.
Ficaria ali tentando entender tamanha proximidade, tantas coincidências. Esse jeito sublime que o vento faz sua curva e vem nos beijar no espaço grande-minúsculo da distância nua. Pequena diminuta que abre o arcabouço do preenchimento de nossas linhas. E você eclodiu à enésima potência nela o Amor maior, o querer–bem, até o que parece longe, pequenino, brumoso. Por que tudo o que é adiante agora, tem a mesma letra, o mesmo tom. E sei que só o Amor fez Deus em você.

(Fernanda Fraga)




domingo, 14 de agosto de 2011

Resgate


Sôfrego desejo. Vem eloqüente, com solfejos tarjados de ebulições a calmarias.
Fez-se um transferível templo seu. E pude assim te encontrar. Nas belezas, nos ares; nos meus naufrágios recolheu.
Resgatando em mim todas as suas multidões de ser só, e ser em mim. Desvendar o indivisível que sejas tu (nós). E deixar enfeitar-te com flores seus caminhos e os jardins. Porque eu não sei quantas vezes seu barco ou seu remo já perdeu na água rebuliça e se ficou emperrado na areia. Não sei quem te feriu mais; eu não sei homem da Ilha. Mas digo que aqui os sinos já tocam, os ouço ao longe. E os Candeladros foram banhados no canto da sala de jantar, a qualquer anúncio; a qualquer chegada. Coincidências dos Girassóis e desses horizontes sem tamanho, mas de encontros.
Posso dizer que meus naufrágios foram muitos, muitos. Já emperrei meu barco em um sertão, retalhado de sequidões. Arada de fome, cansei-me, doeu-me e recolhi para algum farol longe de mim mesma, a espera do seu resgate.
Mora em minh´alma também fragmentos seus, suas doçuras, os beijos e nossas redenções. Certezas de que tudo é entrega, vontade, plenitude. Começo de resplendor, para contemplar o pôr-de-sol que está em ti.

(Fernanda F. Fraga)



sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Na Moldura Dela



Bordar-se-ia ela, a moça e seus trejeitos todos.
Costurava-se-ia ela panos e alinhava-se-iam seus sorrisos;
Entre os cantos das esquinas e os sorvetes saboreados na vila ao lado.
Bordar-se-ia ela, suas saudades nas linhas coloridas. Idas suas (des) encontros.
Vestia-se ela, de seus bordados de lã. Ingênua, pura. Feminil.
Alinhava-se-iam seus carretéis nas cambraias sem medidas.
Vestia-se ela, de nós dois: bordados de sua boca, novelos das manhãs de Sol.
Na moldura dela de ser.

(Fernanda F. Fraga)



P.S:  Inspirado na prosa poética: “Da Moça" da poetisa Talita Prateshttp://historiadaminhaalma.blogspot.com/2011/07/da-moca.html – Fiz um comentário dias desses lá e rendeu essas pequenas estrofes, que posteriormente finalizei.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Tão Perto...




Tão Perto

Vem-me a dor atroz
Que em prantos e clamor deixou-me.
No todo Amor que inebria minh´alma.


Mais uma vez
Fui vitimada pelo punhal!

Nua. Despedaçada em silêncio.
Como finas lanças, cortantes, lascivas.
Ao avistar-te com aquele alguém.

Um alguém com meus trejeitos
Com afeições, com meu ser todo.
Essências, emoções, de Poesia a enredo.

Mas uma vez

A sua espera fiquei
E tão perto da tua alma, de tua tez.
Quase pude alcançar seu coração
Tão próximo cheguei!

Desde há pouco...
Tão recente o seu romance
Vem-me a dor veloz
Forte e cortante.

E como outrora
Desfez as esperanças
De contigo pra sempre ficar!

Assim te interrogo:
Porque buscou iguais semelhanças?
De Poesia a enredo?
Afeições, gestos e molduras?
Porque não buscou a mim?
De alma serena e rara doçura?!
E assim digo:
Eu é que devia estar contigo!

Restais agora:
Meu silêncio e teu punhal!
Tão perto cheguei, quase cheguei,
Uma dor veloz,
Que vem e me consome!

De mesmo enredo,
Mesmo Amor,
E mesmo nome!

(Fernanda F. Fraga, 20 de Janeiro de 2009)

PS.: Escrevi esse poema há uns 2 anos atrás. Hoje estou bem melhor, mas quando olho pra trás e vejo tudo que passei, a cicatriz ainda continua lá, quieta. Bom, mas a pouco tempo fui vendo o trabalho da cantora Adele e me apaixonei, principalmente com essa música, não canso de ouvir. Lágrimas na alma e emoções à flor da pele. Então, nos meus acervos aqui, escolhi esse poema; que tem algo especial pra mim, de uma situação o qual vivi e faz de alguma forma grande ligação com a letra dessa música.