Traça-se à borda das
palavras
Um poema a se erguerem aos Corais
Abrir as portas e afiar os
teus voos.
Enamorei vendo o plantio das
cores das nuvens,
Das uvas sobre o ruído violeta
Que desliza por dentro do
aroma,
Num fino respingo entre todas
as luzes
E por baixo o cheiro macio
Talhando as flautas.
Revelam-se os meus espaços,
Crispados; excêntricos,
puídos.
Os enfeites dos laços do Sol
a língua dos pincéis sob nós
dois.
As seivas, as folhas, teus
aléns tombados em mim.
Percorrera o chão, os
abismos desabitabitados
A letra dobrada do verso
O aceno circunscrito
enquanto o vento, robusto
percorre os meus passos
E modula minhas mãos
Aos traços, as linhas, a
essa imensidão.
Porque teu olhar é farol
Onde nascem as brisas, aquarelas
úmidas de êxtases;
O sossego caminhante.
E à beira das asas apenas
meu sobressalto:
Posso dilatar as horas, saborear
os flocos das nuvens;
poemar o romance enquanto
esse Pássaro nasce?
Posso demorar-me em ti?
dedicar-me a essa linguagem
bendita de Preces?
Posso contentar-me hoje com
esse Divino resplendor;
E me sentir inteira, infinita,
poemando o meu sorrir em tua
primavera?
Posso regressar meus
silêncios;
e ainda assim me saber presente?
Posso ver-te esquecido dos
dias;
E cumprir contigo os
encantos e as profundidades
Num bem-querer que se revira
em nós?
A todos os milagres e
abrigos;
E aos inevitáveis confins da
memória,
que absorve tua matéria
serena;
a contemplar nossos
infinitos.
(Fernanda Fraga)
*Imagem do Google, não encontrei a
referência do autor da imagem, quem soube pode mencionar aqui, que insiro a
autoria.